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Milho: elevada produção, clima favorável e redução da demanda interna pressionam preço pago ao produtor (Ueslei Marcelino/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 26 de abril de 2023 às 15h39.
O valor pago à produção agropecuária começou 2023 em queda, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Com base no Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos
Agropecuários (IPPA), os preços ao produtor agropecuário acumularam queda nominal de 8% no primeiro trimestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado.
O IPPA/Cepea é calculado considerando os seguintes grupos de produtos agropecuários: grãos, pecuária, hortifrutícolas, cana-de-açúcar e café.
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Enquanto isso, os preços industriais permaneceram praticamente estáveis (+0,6%). Nesta mesma comparação, os preços internacionais dos alimentos, segundo indicativo da FAO, e a taxa câmbio (R$/US$) nominal recuaram 11,4% e 0,8%, respectivamente.
Segundo pesquisadores do Cepea, o movimento de queda no índice geral nos primeiros meses de 2023 esteve atrelado sobretudo às baixas observadas para os grãos, que chegaram a 12,5% em comparação ao primeiro trimestre de 2022. A queda foi reflexo dos recuos nos preços pagos ao algodão (-26,6%), milho (-12,3%), soja (-12,8%) e trigo (-5,1%).
De acordo com a Equipe de Grãos do Cepea, apesar da entressafra do algodão, os preços internos e externos da pluma caíram entre janeiro e março de 2023. O resultado foi provocado por condições econômicas adversas nos cenários mundial e brasileiro, que geraram receio entre agentes e limitaram as vendas de manufaturas. "Parte dos vendedores também cedeu nos valores, especialmente porque as vendas internas estiveram mais atrativas que a paridade de exportação", explica o Cepea em nota.
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Para a soja, as estimativas de produção recorde têm se confirmado e, consequentemente, a pressão sobre os preços da oleaginosa. Quanto ao milho, segundo a Equipe do Cepea, os principais fundamentos para a queda foram a elevada produção da safra verão, o clima favorável ao desenvolvimento da segunda temporada e, principalmente, a redução da demanda interna – compradores e exportadores limitaram as aquisições de novos lotes.
Em relação ao trigo, especialmente em março, o foco de produtores brasileiros esteve voltado à colheita e negociação da safra verão e à preparação para o cultivo da temporada de inverno. A demanda, por sua vez, esteve fraca. Esse cenário, atrelado às desvalorizações externas do trigo, resultou em quedas nos preços internos do cereal.
Na comparação do primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2022, o IPPA-Pecuária/Cepea permaneceu praticamente estável, com ligeira queda nominal de 0,4%, refletindo os movimentos opostos
dos produtos que compõem este Índice: arroba bovina (-16,2%), frango (-3,8%), suíno (+34,2%), leite
(+22,5%) e dos ovos (+23,6%).
Entre todas as cadeias observadas, o IPPA-Hortifrutícolas/Cepea foi o único que avançou (+7,5%), sendo influenciado pelas valorizações do preço pago à batata (+9,5%), banana (+5,1%), laranja (+21,0%) e uva (+11,7%).
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