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SLC Agrícola adquire Sierentz Agro Brasil e mira superar 1 milhão de hectares no longo prazo

Transação inclui 96 mil hectares arrendados no Maranhão, Piauí e Pará; operação começa em julho deste ano

Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola: produção brasileira pode chegar a 600 milhões de toneladas em 20 anos (Leandro Fonseca/Exame)

Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola: produção brasileira pode chegar a 600 milhões de toneladas em 20 anos (Leandro Fonseca/Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 7 de março de 2025 às 13h03.

A SLC Agrícola mira superar 1 milhão de hectares de área plantada no longo prazo, e a aquisição da Sierentz Agro Brasil por US$ 135 milhões, anunciada nesta sexta-feira, 7, faz parte dessa estratégia. Atualmente, a companhia possui 743 mil hectares, segundo o último levantamento.

De acordo com executivos da empresa, a transação reforça o modelo de equilibrar um terço de terras próprias e dois terços arrendadas, garantindo crescimento sem grande imobilização de capital. As declarações foram feitas em call com investidores nesta sexta-feira, 7.

“Nossa estratégia era justamente chegar a esse equilíbrio. No curto e médio prazo, podemos até adquirir ativos, mas continuaremos focados em arrendar áreas para expandir a operação”, afirmou Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola.

A Sierentz Agro Brasil produz soja, milho e outras culturas, além de atuar na criação de gado por meio do sistema de integração lavoura-pecuária. A empresa opera exclusivamente com áreas arrendadas, totalizando 96 mil hectares, distribuídos entre Maranhão (68 mil ha), Piauí (18 mil ha) e Pará (10 mil ha). O potencial de área plantada pode chegar a 135 mil hectares.

Segundo a SLC, as novas áreas são maduras e produtivas, com rendimento de soja alinhado à média da região. A gestão das unidades será mantida independente, mas a companhia pretende integrar sinergias no beneficiamento de algodão entre fazendas próximas no Maranhão — o cultivo de soja e milho seguirá inalterado, enquanto o algodão será introduzido a partir do terceiro ano de operação.

“Hoje temos 23 fazendas, e agora vamos para 26. São módulos de gestão independentes, permitindo crescer sem comprometer a eficiência”, disse Pavinato. O modelo de crescimento segue modular, com gerências regionais responsáveis por grupos de fazendas.

Além da aquisição da Sierentz, a SLC Agrícola também firmou uma proposta de compra de 33 mil hectares físicos da Terrus S.A., decorrente da cisão parcial da Sierentz Agro Brasil. O valor da transação gira em torno de R$ 191,2 milhões, sujeito a ajustes — os equipamentos necessários para a operação dessa área também estão incluídos no montante.

Segundo os executivos da SLC, com as aquisições, a empresa fortalece sua estratégia de crescimento asset light, baseada no aumento da área produtiva por meio de arrendamentos. A companhia projeta um crescimento de 13% na área cultivada entre as safras 2024/25 e 2025/26, atingindo cerca de 833 mil hectares sob gestão.

O valor final da transação ainda será definido, pois depende do capital de giro e da dívida da empresa adquirida, que serão ajustados após a colheita da safra 2025.

“É cedo para falar sobre o valor final. No ano passado, houve perdas de soja que aumentaram o endividamento. Agora, com uma colheita melhor, essa necessidade pode cair. Mas acreditamos que a variação não será superior a 10%”, disse Ivo Brum, CFO da SLC Agrícola.

A aquisição só será finalizada depois que todas as exigências forem cumpridas, incluindo a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

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