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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 21 de junho de 2024 às 15h54.
Última atualização em 24 de junho de 2024 às 11h41.
O Brasil deve colher 69,9 milhões de sacas de café na safra 2024/25, segundo estimativa reportada nesta quinta-feira, 20, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Desse total, estão previstos 48,2 milhões de sacas do grão arábica e 21,7 milhões de sacas de café robusta. Segundo o órgão norte-americano, as altas temperaturas no final do ano passado fizeram com que algumas cerejas — como é chamada uma etapa do desenvolvimento do café — caíssem durante a fase de formação dos frutos. Por outro lado, as chuvas subsequentes proporcionaram condições ideais para a fase final de desenvolvimento, aumentando os rendimentos.
Em relação às exportações, o Brasil deve embarcar 42,5 milhões de sacas na temporada, um aumento de 1 milhão de sacas em comparação com o ciclo anterior. Para os estoques, o USDA projeta um crescimento de 700 mil sacas, atingindo 3,5 milhões de sacas.
Para o presidente da Confederação Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, a estimativa do USDA está alinhada com a realidade, mesmo considerando que a safra 2024/25 poderá ser afetada por um possível La Niña.
Esse fenômeno oceânico, caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais nas regiões central e leste do Pacífico Equatorial, provoca mudanças na circulação atmosférica tropical e afeta os regimes de temperatura e precipitação em várias partes do mundo, incluindo a América do Sul.
Já Orlando Editore, head de café da Datagro, acredita que o La Niña tem potencial de atingir a produção brasileira e, consequentemente, os preços.
"O último La Niña foi desastroso para o café, afetando negativamente a safra brasileira. Além disso, a próxima safra do Vietnã, esperada para o final deste ano, já está sob pressão devido aos relatos de condições adversas durante a época de florada do café em março e abril. Portanto, a safra vietnamita de 2024/25 também será reduzida", afirmou Editore em entrevista à EXAME.
Em nível global, o USDA estima a produção 2024/25 em 176,2 milhões de toneladas, um aumento de 7,1 milhões de sacas em relação ao ano anterior devido à recuperação contínua no Brasil e ao aumento da produção na Indonésia. O consumo, por sua vez, deve subir 3,1 milhões de sacas, chegando a 170,6 milhões.
O USDA prevê que a safra de café do Brasil em 2023/24 será de 66,3 milhões de sacas, um volume superior à estimativa de 61,4 milhões de sacas feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu último levantamento, divulgado na terça-feira passada, 13.
De acordo Editore, da Datagro, o mercado de café enfrenta pressões devido às incertezas sobre as safras do Vietnã e do Brasil. Ele destaca que os indicadores de oferta indicam uma disponibilidade global limitada de café, possivelmente abaixo da demanda, e os estoques continuam baixos. "Essa conjunção de fatores tem o potencial de significativamente elevar os preços", disse.
Por outro lado, o presidente da CNC diz que não deve haver aumento de preços no café. Segundo ele, o país tem estoques suficientes para abaster tanto a oferta doméstica quanto a externa. "Nossos estoques de passagem estão baixos, mas são suficientes", afirma.
Para o produtor, o que resta é acompanhar o clima.