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LIAOCHENG, CHINA - JULY 31: Chickens are seen in cages at a chicken farm on July 31, 2020 in Liaocheng, Shandong Province of China. (Photo by Zhao Yuguo/VCG via Getty Images) (Zhao Yuguo/VCG/Getty Images)
Repórter de Agro
Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 18h22.
Nas safras de 2021 e 2022, a conjuntura internacional de dólar elevado e guerra entre Rússia e Ucrânia elevou os preços do milho. No Brasil, o clima seco também não contribuiu, e a saca de milho chegou a passar dos R$ 100. Isso pressionou o custo da cadeia de proteína animal e deixou o produtor de aves traumatizado. Não é o que deve acontecer em 2024, segundo projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal.
“Não vai a R$ 100 [a saca], como foi no ano passado. Não vai ser R$ 50, nem R$ 100. Devemos ter o quadro médio como está atualmente, de R$ 66, na região Nordeste chegando a R$ 70", afirma Ricardo Santin, presidente da ABPA, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 19. O milho e o farelo de soja representam mais de 70% da composição dos custos do setor. É por isso que uma mudança nos preços da commodity pode fazer tanta diferença para quem tem granja.
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Com preços mais praticáveis do milho, não falta matéria-prima para ração animal -- por isso Santin se mostra seguro de que “não vai faltar milho para o brasileiro”. "Temos que lembrar que há produtores que tem milho e talvez não queiram vender agora. Mas quando a soja chegar, ele vai vender”, ele diz.
Diante deste cenário, a ABPA estima que a produção de 2023 chegue a 14,9 milhões de toneladas de carne de frango. Em 2024, é esperada uma alta de 3,7%, para 15,3 milhões de toneladas. Os números fazem o Brasil ser o 2º maior produtor mundial de carne de frango, sendo que 70% da carne permanece dentro do país.
O momento no Brasil é de safra de soja atrasada em algumas regiões produtoras, o que já entra no horizonte de preocupação de quem planta o milho segunda safra. Ainda assim, para a indústria de proteína animal, é importante avaliar a disponibilidade da commodity no mercado global.
Se por um lado a concorrência pode parecer ruim ao agricultor que planta milho, a indústria precisa garantir que o grão chegue e não pode depender apenas do abastecimento interno. Neste sentido, Ricardo Santin mostra que a convicção de que não faltará milho se justifica pelo cenário de safras positivas na Argentina e Paraguai, que abastecem a região Sul – maior produtora de aves e suínos do país. Além disso, há a capacidade de importar milho dos Estados Unidos.
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A diminuição da produção de aves na China e no Japão, por causa de problemas com gripe aviária, também tende a aumentar a disponibilidade do milho no mercado, favorecendo os preços. Além disso, os próprios países podem aumentar a compra dos cortes de frango.
Esta combinação de preços menores do que no ano passado e a diminuição da produção de aves em países concorrentes favorece para o Brasil se manter como maior exportador mundial de carne de frango.
As vendas externas devem fechar esse ano com 5,1 milhões de toneladas embarcadas, cujo crescimento esperado para o ano que vem é de 3,9%. A estimativa que Santin faz é que a cada dez frangos consumidos no mundo, quatro sejam brasileiros.