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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 08h02.
Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 08h05.
O volume de fretes rodoviários do agronegócio registrou alta de 13,7% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 27, pela Frete.com, plataforma online de transporte de cargas da América do Sul.
O destaque foi a soja, que registrou um aumento de 52,9% no período e representou 28% dos fretes agrícolas publicados na plataforma. Os fretes de milho cresceram 7,8% e corresponderam a 13% das cargas do agronegócio divulgadas pela Frete.com.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram US$ 82,39 bilhões no primeiro semestre de 2024 – o complexo soja liderou com US$ 33,53 bilhões, o que representou 40,7% do total exportado.
“Apesar de problemas nas safras, por conta das fortes chuvas do início do ano, principalmente no Rio Grande do Sul, que viveu uma grande tragédia, o agronegócio ainda conseguiu demonstrar a sua força, puxando o crescimento do volume de fretes no semestre. A soja é sempre um destaque, já que movimenta diversos fretes pelo Brasil todo”, afirma Federico Vega, CEO da Frete.com.
Já os fretes de fertilizantes, que representam 18% dos fretes do agronegócio publicados na Frete.com, tiveram queda de 3,8%.
Após uma estabilidade no primeiro trimestre deste ano, o volume de fretes, de forma geral, voltou a crescer. Os dados da Frete.com mostram que houve um aumento anual de 13,9% no primeiro semestre de 2024 no Brasil.
De acordo com o presidente da plataforma, o crescimento no volume dos fretes também foi acompanhado pelo aumento nos custos. Dados reportados pela Frete.com mostram que no primeiro semestre de 2023 o preço médio do frete no agro era de R$ 6,20. No mesmo período deste ano, o valor subiu 4,7%, para R$ 6,49.
“No setor agrícola, a demanda por caminhões pode aumentar de forma abrupta, enquanto a oferta de caminhões não acompanha o mesmo ritmo. Isso faz com que os preços dos fretes subam, especialmente para commodities”, afirmou Vega à EXAME.
As rodovias representam cerca de 60% da matriz de transporte de cargas do Brasil. O país possui uma malha rodoviária de 1,7 milhão de quilômetros, enquanto a extensão das ferrovias é de mais de 30 mil quilômetros. Atualmente, 20% das cargas do Brasil são transportadas por ferrovias, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Para o próximo semestre a estimativa da Frete.com é de que os preços continuem altos. A explicação, segundo a plataforma, é que os custos de transporte de caminhões são compostos principalmente por duas partes: o transporte do próprio caminhão e os pneus.
Aproximadamente 60% dos custos estão relacionados ao transporte do caminhão, enquanto os pneus, manutenção, depreciação e alimentação do motorista representam os 40% restantes – quando a demanda por fretes é alta, a margem de lucro dos caminhoneiros tende a aumentar.
"No entanto, essa margem também pode ser reduzida em situações de alta demanda [..] Nesses casos, a diferença entre o custo de transporte e o valor recebido pelos caminhoneiros aumenta, pois há uma grande oferta de cargas e um número limitado de caminhões disponíveis. Como resultado, as empresas começam a pagar mais e a competir intensamente pelos caminhões, o que pode elevar os custos no curto prazo", diz o CEO da Frete.com.
Ainda que o aumento dos custos esteja previsto para o próximo semestre, o crescimento no volume de transporte deve continuar, apesar dos desafios persistentes relacionados à ineficiência tanto na infraestrutura física quanto na tecnologia.
"Embora estejamos investindo em tecnologia, isso ainda não é suficiente. Muitos caminhões circulam vazios e enfrentam burocracia excessiva [...] Além disso, caminhoneiros podem enfrentar atrasos significativos devido a problemas na infraestrutura, como estradas intransitáveis ou fazendas que dificultam a saída", diz Vega.