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Navio de grãos da Ucrânia é inspecionado em Istambul (Isa Terli/Anadolu Agency via Getty Images/Getty Images)
AFP
Publicado em 3 de agosto de 2022 às 10h13.
Última atualização em 3 de agosto de 2022 às 10h34.
Especialistas russos e ucranianos inspecionaram nesta quarta-feira (3), em Istambul, o primeiro navio com grãos exportados pela Ucrânia desde o início da invasão por parte da Rússia, como parte de um acordo que pretende aliviar a crise alimentar mundial.
A inspeção do "Razoni" durou quase uma hora e meia. Após a operação, o navio foi autorizado a navegar pelo Estreito de Bósforo para seguir viagem até o Líbano, anunciou o ministério da Defesa da Turquia.
O navio, com bandeira de Serra Leoa, chegou na terça-feira às costas do norte de Istambul, um dia depois de zarpar do porto ucraniano de Odessa com 26.000 toneladas de milho destinadas ao porto libanês de Trípoli.
Vinte especialistas e representantes da ONU subiram na embarcação para a inspeção.
A equipe de especialistas foi coordenada pelo almirante turco Özcan Altunbulak, comandante do Centro de Coordenação Conjunta (CCC) que supervisiona este tipo de exportação, e pelo almirante americano da reserva Fred Kenney.
A inspeção seguiu as exigências da Rússia, que deseja ter certeza do tipo de carga.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, criticou na terça-feira o que chamou de "Estado terrorista" russo, que "provocou a crise alimentar para utilizar os cereais, o milho e o petróleo como armas".
O chefe de Estado da Ucrânia também afirmou que espera "regularidade" nos embarques.
"Quando um navio deixa o porto, há outras embarcações também, as que estão sendo carregadas e as que estão se aproximando do porto", disse.
O "Razoni" zarpou depois de um acordo mediado por Turquia e ONU que suspendeu o bloqueio naval russo no Mar Negro e permite o embarque de milhões de toneladas de alimentos para distribuição ao mercado mundial, em um momento de crise alimentar.
A suspensão das exportações da Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de grãos, resultou no aumento dos preços dos alimentos.
Kiev afirma que pelo menos 16 navios com cereais aguardam para zarpar dos portos ucranianos.
Também acusa a Rússia de roubar grãos em territórios tomados pelas forças do Kremlin para depois enviá-los a seus aliados na África e Oriente Médio, como a Síria.
No campo de batalha, o exército russo afirmou nesta quarta-feira que destruiu um depósito de armas estrangeiras na região de Lviv, oeste da Ucrânia, com "mísseis de alta precisão".
Em junho, Moscou anunciou a destruição de um depósito de armas fornecidas pela Otan no oeste do país, uma área poucas vezes atingida pelos bombardeios desde o início da ofensiva russa.
No leste, Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, foi alvo de dois bombardeios na madrugada de quarta-feira, de acordo com as autoridades regionais.
De acordo com as primeiras informações, mísseis S-300 foram disparados a partir da região fronteiriça russa de Belgorod. Um caiu no chão e outro atingiu uma instalação civil, sem provocar vítimas, afirmou o governador Oleg Sinegubov.
A cidade de Mykolaiv, sul do país, foi bombardeada durante a noite, anunciou o governador regional, Vitali Kim. Um supermercado e uma farmácia foram destruídos e um centro de hipismo foi atingido.
Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk (leste), epicentro dos combates, informou que quatro civis morreram nas últimas 24 horas.
O governo ucraniano, que executa uma contraofensiva no sul do país, anunciou que recuperou 53 localidades em Kherson, a maior cidade que caiu sob controle do exército russo.
A posição ucraniana foi fortalecida com a entrega de mais armamento ocidental, em particular artilharia de longo alcance.
O governo dos Estados Unidos anunciou um novo envio de armas, avaliadas em 550 milhões de dólares, incluindo munições para os lança-foguetes HIMARS.
Zelensky agradeceu ao presidente americano Joe Biden e afirmou que "a palavra 'HIMARS' se tornou quase um sinônimo de 'justiça' em nosso país".
No plano diplomático, os países ocidentais acusam a Rússia de utilizar a questão da energia como arma e represália às sanções adotadas contra Moscou.
O chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, acusou nesta quarta-feira a Rússia de bloquear a entrega de uma turbina que está atualmente na Alemanha, sem a qual o gasoduto Nord Stream não pode, segundo Moscou, funcionar normalmente.
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