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Por que o preço do café subiu tanto nos últimos meses?

A cotação do arábica chegou ao maior valor desde 1977

Problemas climáticos nos principais produtores causarem aumento pesado nos preços (Marcus Desimoni/NITRO/Divulgação)

Problemas climáticos nos principais produtores causarem aumento pesado nos preços (Marcus Desimoni/NITRO/Divulgação)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 29 de novembro de 2024 às 17h53.

O cafézinho de todo dia está mais caro. Uma ida ao mercado comprova facilmente essa afirmação. O preocupante é que a situação deve piorar nos próximos meses.

Na quarta-feira, a referência global para o café arábica — os índices futuros de março de 2025 — fechou 4,6% mais alto na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 3,2305 por libra, após atingir seu nível mais alto desde 1977. Esse índice já subiu mais de 70% neste ano, segundo reportagem do Business Insider.

Enquanto isso, o café robusta ICE de referência — mais barato em relação ao arábica — fechou na quarta-feira 6,9% mais alto, a US$ 5.533 a tonelada métrica. Os índices futuros do café robusta ICE subiram 80% neste ano até o momento, de acordo com o BI.

Esse aumento significa que os preços do café em geral — de bebidas sofisticadas feitas de grãos de Arábica a café instantâneo  — quase certamente custarão mais para o consumidor.

A Nestlé, a maior fabricante de café do mundo, disse na semana passada que aumentará os preços para lidar com essa nova fase dos grãos.

Problemas climáticos

Os preços do café aumentaram neste ano devido a vários fatores, incluindo o mau tempo no Brasil, o maior produtor do mundo.

Os agricultores do país — que produzem quase metade dos grãos de Arábica do mundo — têm relutado em vender seus grãos, pois esperam preços ainda mais altos depois de vender 70% de sua safra atual.

Em agosto e setembro o país foi atingido por sua pior seca em 70 anos. Os produtores, agora, estão apostando em mais ganhos de preços devido a preocupações com a próxima colheita.

Embora a seca no Brasil tenha sido seguida por fortes chuvas que ajudaram no cultivo, agora há preocupações sobre se as flores se desenvolverão adequadamente para formar cerejas que abrigam sementes — ou grãos de café. As negociações da próxima safra acontecem em julho.

O Vietnã — o segundo maior produtor de café do mundo e a maior fonte do tipo robusta — foi atingido por fortes chuvas nas últimas semanas após uma seca no início deste ano. A colheita atual seguirá três anos de déficits de oferta., segundo o BI.

Como os preços têm aumentado desde 2021, os cafeicultores do Vietnã, como os do Brasil, também estão esperando por preços ainda mais altos.

Outros grandes produtores, incluindo a Colômbia — o segundo maior produtor de arábica — e Honduras também estão lidando com seus próprios problemas climáticos, o que só piora a situação do mercado mundial,  deixando mais caro para o consumidor ter acesso a uma das bebidas mais populares do mundo.

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