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Plantio de soja: redução da Selic pode contribuir para os custos de produção da safra 23/24 (CNA/Senar/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 15h52.
O recuo ocorre após uma alta de 22% em 2023 e é atribuído a uma quebra de safra causada por problemas climáticos, que impactam também os agrosserviços. O levantamento indica uma queda de 17,1% nos preços relativos, resultando em uma redução de 21,88% na renda real do setor.
Na safra 2023/24, que começou em 1º de julho de 2023 e foi até 30 de junho de 2024, o mercado esperava uma produção recorde de soja, ultrapassando 150 milhões de toneladas.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no entanto, estima que o país tenha colhido 147,38 milhões de toneladas. Na temporada 2024/25, o país deve bater recordes em sua produção, atingindo 166,05 milhões de toneladas, segundo a Conab.
Entre os segmentos da cadeia da soja, apenas a agroindústria e o segmento de insumos devem apresentar crescimento em 2024, de 1,33% e 4,42%, respectivamente – o crescimento é sustentado, principalmente, pelo desempenho das indústrias de biodiesel (26,92%) e de rações (2,6%).
A produção de soja dentro da porteira deverá ter queda de 13,15% em valor este ano, enquanto os agrosserviços devem encerrar 2024 com recuo de 4,70%.
Em valor, a agroindústria da soja deve fechar 2024 com um PIB-renda de R$ 69,4 bilhões, frente a R$ 81,3 bilhões em 2023, o que representa uma queda de 14,66%. Já os agrosserviços terão uma redução de 20,88% no PIB-renda, totalizando R$ 299,1 bilhões. O PIB-renda do segmento de insumos deve atingir R$ 28,2 bilhões, frente a R$ 31,5 bilhões no ano passado, uma queda de 10,56%.
Os números ainda mostram que o desempenho da indústria, especialmente o setor de biodiesel, com um aumento previsto de 26,92%, deve amenizar a queda no PIB da cadeia produtiva da soja.
A estimativa aponta que as exportações de produtos da cadeia do agronegócio recuaram 20,87% no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período de 2023, totalizando US$ 24,24 bilhões.
A queda é atribuída principalmente à desvalorização nos preços das commodities exportadas, que caíram 17,83%. Os volumes embarcados também encolheram 3,71%, totalizando 48,98 milhões de toneladas.
Os valores exportados caíram para soja (-19,85%) e seus derivados como óleo (-52,81%), farelo (-20,72%) e proteína (-2,18%). Em contrapartida, houve aumentos para o biodiesel (49,36%) e o glicerol (10,04%).
Os embarques caíram para União Europeia (3,26%), Sudeste Asiático (9,89%), América do Norte (37,27%) e outros destinos (54,60%). Em contrapartida, as exportações cresceram para China (2,88%), Leste Asiático (8,56%), Oriente Médio (18,10%) e África (23,17%).
A China manteve-se como o principal destino das exportações, respondendo por 72,38% das exportações de soja, 12,95% das exportações de óleo e 39,51% do total exportado de biodiesel, glicerol e proteína de soja (com destaque para o glicerol). A União Europeia e o Sudeste Asiático também foram destinos importantes, especialmente para farelo de soja e biodiesel.
Em relação à geração de empregos, a cadeia da soja e do biodiesel empregava, no segundo trimestre de 2024, 2,24 milhões de pessoas, representando 9,51% do agronegócio e 2,23% do total de trabalhadores no país.
O total de empregos caiu 4% em relação ao mesmo período do ano passado. No segmento de agroindústria, houve um crescimento de 17,06% no número de postos de trabalho, enquanto o segmento de insumos registrou um incremento de 1,92% no total de empregados.
Por outro lado, dentro da porteira, observou-se uma redução de 6,13% nos empregos, e nos agrosserviços, uma queda de 4,78%.