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Alemanha se prepara para racionamento de gás (picture alliance / Colaborador/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 4 de outubro de 2022 às 20h10.
Última atualização em 5 de outubro de 2022 às 08h32.
Em meio à crise do gás natural, que elevou a inflação e ameaça o funcionamento de fábricas, a Alemanha agora se prepara para limitações na produção de alimentos congelados. Com o risco de falta de gás para alimentar a seção de refrigerados dos supermercados, entidades como a Associação Alemã de Refrigeração de Supermercados e o Instituto de Alimentos Congelados da Alemanha vêm relatando uma preocupação crescente com o problema.
Em carta endereçada ao primeiro-ministro, Olaf Scholz, ao ministro da Economia, Robert Habeck, e ao titular da pasta de Agricultura, Cem Ozdemir, associações de alimentos refrigerados alertaram para a perspectiva de fechamento de centros de logística especializados em congelados. O documento foi assinado pela Associação de Produtores de Carne, Associação Nacional da Produção de Peixe e instituições de produtores de frutas, além de representantes do mercado de distribuição de alimentos.
“Existe um risco significativo de falhas na distribuição diária de alimentos na Alemanha. A situação é mais do que séria”, diz a carta, enviada para as autoridades no último dia 23.
A inflação na Alemanha, maior economia europeia, atingiu 10,9% em setembro, um recorde desde a criação do euro, em 1999. A alta de quase 44% nos preços da energia no mês passando foi uma das maiores responsáveis pelo aumento, segundo o governo alemão. Em toda a zona do euro, as prévias indicam que a inflação deve ter chegado a 9,6% em setembro – os números oficiais serão anunciados nesta sexta, dia 7.
A expectativa é que o país entre em recessão no final deste ano, com uma queda de aproximadamente 0,1% no PIB no terceiro trimestre e de 0,3% nos últimos três meses do ano, de acordo com projeções de institutos de economia alemães e instituições financeiras.
Desde o início da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia, o preço do gás natural dobrou. Com a explosão do gasoduto Nord Stream, que transportava o insumo russo para a Alemanha, eliminou-se a possiblidade de uma eventual negociação com Moscou para o reestabelecimento do fornecimento de gás para a região.
Em toda a Europa, também aumenta o risco de apagões diante da escassez de energia elétrica – não bastasse a crise do gás, usinas nucleares na França precisaram suspender as atividades para passar por manutenção. As operadoras de telecomunicações já alertaram que, caso o consumo de gás aumente em função de um inverno severo, sua infraestrutura passará por um grande teste.
Os países europeus em geral não contam com sistemas robustos de back-up de energia, já que até agora a escassez de eletricidade era pouco comum. A França, Suécia e Alemanha, além de outros países, estão procurando montar planos para que eventuais cortes de energia não afetem as telecomunicações. Uma das propostas é reforçar a bateria de reserva das antenas de celulares. A Europa possui cerca de 500 mil antenas de celular, sendo que a maioria as baterias extras têm duração de cerca de 30 minutos.
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