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Plantio de soja que sofreu com quebra de safra no Paraná. (Gustavo Mansur / Governo do Rio Grande do Sul/Divulgação)
Repórter de Agro
Publicado em 2 de março de 2023 às 17h47.
Última atualização em 21 de junho de 2023 às 16h34.
O produto interno bruto (PIB) divulgado pelo IBGE, nesta quinta-feira, 2, aponta que o PIB da agropecuária teve queda de 1,7% no acumulado de 2022. Por outro lado, ao olhar especificamente para o último trimestre do ano, houve alta de 0,3% nos resultados do setor dentro da porteira. Os resultados são correspondentes à produção do calendário 2021/2022 após colheita e comercialização.
Estes altos e baixos do desempenho, com a leve recuperação entre setembro e dezembro, se justificam por dois fatores ligados à soja. O primeiro é a quebra de safra, em decorrência do evento climático La Niña, que puxou a produtividade para baixo. O segundo é a queda na rentabilidade da saca da leguminosa, influenciada pela alta dos insumos.
“O motivo desta queda de 1,7% foi quebra de safra. Produtividade caiu por causa de mais um ano consecutivo de La Niña. Também a perda de produção de arroz puxou o PIB da agropecuária para baixo. Milho, café e cana compensaram a balança”, explica o consultor de mercado Carlos Cogo.
A relação custo de insumos versus preço da saca também influenciou no cálculo das atividades agropecuárias. Segundo o analista, além da perda de produtividade de 15 milhões de sacas em comparação à safra de 2020/2021, houve redução de 64% na rentabilidade por hectare no cultivo da soja. Altos custos dolarizados de fertilizantes, defensivos e sementes pesaram no bolso do produtor.
“A margem líquida da soja por hectare foi de R$ 1.800 em 2022. Caiu bastante a rentabilidade, uma vez que na safra anterior a margem era de R$ 5 mil. Não houve margem negativa, mas a rentabilidade do setor caiu bastante”, esclarece Cogo.
Para a soja no acumulado de 2022, o IBGE fala em uma produção de 119,5 milhões de toneladas, estável em comparação ao mês anterior, mas com queda de 11,4% frente a 2021. Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima em 125,6 milhões de toneladas, o que nas contas do órgão daria aproximadamente 10% de decréscimo em relação à safra 2020/21.
Isso aconteceu, pois a prolongada estiagem na região Centro–sul do país causou prejuízos à commodity na fase final de vegetação e na época de colheita.
Para Natalia Cotarelli, economista do Itaú Unibanco, 2023 deve ser de desaceleração da economia, exceto para o agronegócio. “O agro é a única ressalva, porque temos perspectivas que não tivemos em 2022, houve teve quebra da safra. Para 2023, soja deve ter um destaque positivo no primeiro trimestre e que ajuda a contribuir."
Ao olhar para a safra 2022/2023, Carlos Cogo projeta aumento de 4,5% no PIB da agropecuária, mantendo a soja e o milho como carros-chefe.
“Tem que colocar destaque no milho, safra esperada de 127 milhões de toneladas, sendo 100 milhões na segunda safra, deve ser bastante grande com previsão de 16% de crescimento. Milho compensa a perda da safra verão”, observa o consultor.
Segundo estimativas do USDA, o Brasil deve embarcar 51 milhões de toneladas de milho, entre outubro de 2022 e setembro de 2023, volume equivalente ao dos Estados Unidos na safra 2022/23. Com isso, o Brasil pode se tornar o maior exportador do grão do mundo.