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Oléo de cozinha usado para abastecer navio? Entenda a estratégia da Petrobras

Estatal anuncia parceria comercial com a Vale para abastecer um navio afretado pela mineradora com combustível bunker misturado a conteúdo renovável

 (Petrobras/Divulgação)

(Petrobras/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 24 de abril de 2025 às 14h47.

A Petrobras, estatal brasileira, vai utilizar óleo de cozinha usado para abastecer um navio. A empresa anunciou nesta quinta-feira, 24, uma parceria comercial com a Vale para abastecer um navio afretado pela mineradora com combustível bunker misturado a conteúdo renovável.

Bunker é o nome dado ao combustível utilizado em embarcações marítimas, originado de combustível fóssil, emissor de gases do efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO2).

Segundo o comunicado, o produto que abastece a embarcação afretada pela Vale contém 24% de biodiesel originado do processamento de óleo de cozinha usado — o combustível com teor renovável é chamado de Very Low Sulfur (VLS) B24.

LEIA MAIS: Os planos de US$ 2,2 bilhões da Petrobras para os biocombustíveis

A parceria, ainda em fase de testes, foi realizada por meio da Petrobras Singapore, representante da estatal brasileira em Singapura, país asiático.

A embarcação que recebeu o biobunker na última terça-feira, 22, é o navio graneleiro Luise Oldendorff, da empresa Oldendorff Carriers, contratada pela Vale para o transporte de minério.

Segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a companhia está desenvolvendo combustíveis “cada vez mais sustentáveis” para “entregar ao mercado produtos mais verdes e reforçar nossa estratégia de descarbonização”.

Em entrevista à EXAME, Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética da companhia, disse que a Petrobras pretende investir em biocombustíveis neste ano. Em 2024, a empresa anunciou um investimento de US$ 2,2 bilhões para o setor.

Biocombustíveis

Segundo a Petrobras, o VLS 24 foi formulado na Ásia pela própria Petrobras Singapore, a partir de 76% de óleo combustível fóssil produzido em refinarias da estatal brasileira e 24% de biocombustível adquirido na região.

“O teste com biobunker dá continuidade à parceria estratégica entre a Petrobras e a Vale, que prevê o fornecimento de produtos com foco em competitividade e no avanço da pauta de descarbonização”, diz o comunicado da estatal.

Por conter conteúdo renovável, o bunker emite menos gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas.

A primeira experiência da Petrobras com o abastecimento utilizando o VLS foi realizada em 27 de fevereiro, também em Singapura, e envolveu o navio André Rebouças, da Transpetro, subsidiária da estatal.

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