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Vencedoras da 5ª edição do Prêmio Mulheres do Agro, em 2022 (Bayer/Divulgação)
Repórter de Agro
Publicado em 25 de outubro de 2023 às 19h16.
Engenheira agrônoma e administradora da Fazenda Califórnia, Flavia Saldanha se dedica à produção de café e grãos em 1.426 hectares no município de Jacarezinho, no Paraná. Desde 2004, ela tem realizado a transformação de um sistema produtivo tradicional em um sistema produtivo regenerativo para ambos os cultivos. Na fazenda, 41% da área é dedicada aos grãos em rotação de cultura, 24% é área de preservação ambiental, 21% é dedicado à cana-de-açúcar e 13% para cafeicultura regenerativa.
Segundo a produtora, a gestão do risco da atividade passa por diversificar as culturas para ter rentabilidade a longo prazo. Em termos de potencial de agregação de valor por unidade de área, a cafeicultura se destaca perante as demais atividades em até três vezes. “No entanto, por se tratar de uma cultura perene, com grande demanda técnica e custos de produção elevados, é também a mais arriscada no portfólio da propriedade”, diz Flavia Saldanha.
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A fazenda estampa o selo Great Place to Work (GPTW), além de conter certificações como a Rainforest Alliance. Com isso, e dada a aplicação de boas práticas agrícolas, a produtora obteve parcerias comerciais fundamentais para exportação com os Estados Unidos, Japão, Austrália e alguns países da Europa.
“Há muito a ser explorado em termos de comércio internacional, desde os mercados mais maduros como EUA e Europa, e principalmente o mercado asiático, que direciona o crescimento econômico mundial e entra em uma nova fase de consumo de produtos diferenciados”, afirma.
Protagonista na região em que atua, Flavia Saldanha foi eleita a vencedora do Prêmio Mulheres do Agro, na categoria ‘grande propriedade’. Idealizada pela Bayer, a premiação busca destacar a liderança feminina nas fazendas. Os nomes das vencedoras foram anunciados nesta quarta-feira, 25, no Congresso Nacional das Mulheres do Agro, em São Paulo (SP).
Em Formosa, Goiás, a Fazenda da Grota passa por uma transição: de um sistema de cria para um de melhoramento genético. A mudança nos negócios tem por trás Ingrid Graziano, engenheira agrônoma que há oito anos gerencia a propriedade da família.
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Em 600 hectares, a estratégia foi aumentar a eficiência do negócio em busca de maior agregação de valor ao produto. De acordo com ela, a motivação para a mudança foi pautada em dois pilares. O primeiro é o contexto econômico e de rentabilidade do negócio. O segundo é a convicção de que, por meio da genética dos animais, será possível obter mais impactos positivos no sistema de produção.
“Escala não é o nosso forte, portanto agregar valor ao nosso produto foi uma das saídas que encontrei para aumentar o resultado econômico. Eu quero ser capaz de identificar, selecionar e fixar os genes dos animais que podem entregar este impacto ambiental e depois poder transferir esse ganho de eficiência para outros produtores na nossa região”, ela afirma.
A pecuarista cita que o melhoramento genético de animais pode contribuir com um aumento médio de 90% de produtividade e eficiência, acarretando uma redução de cerca de 38% de emissões de gases de efeito estufa no sistema de produção. Por isso, a jornada do melhoramento genético exige gestão individual dos animais, incluindo do que estão se alimentando.
Foi esta visão progressista sobre a pecuária que contribuiu para que Ingrid Graziano tenha sido eleita a vencedora da premiação da Bayer na categoria ‘média propriedade’. “Sabemos que o consumo de forragem de alta qualidade, gera uma menor fermentação entérica nos animais e por tanto menor emissão de metano, quando comparado com forragens de baixa qualidade. Junto com o melhoramento genético, saúde de solo e a recuperação de pastagens são as prioridades do nosso projeto”, ela diz.
Na cidade de Monte Carmelo, em Minas Gerais, Ana Paula Curiacos é proprietária e gestora da Fazenda Três Meninas, onde produz café especial em cerca de 54 hectares. Desde 2016 no comando do negócio, a produtora, que também é zootecnista, tem se dedicado a adequar a gestão da propriedade à gestão ESG, por exemplo, instalando placas fotovoltaicas.
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“Temos alguns benefícios das placas fotovoltaicas ao café. No financeiro, a economia é absurda, principalmente na época de colheita, quando funcionamos muitas horas com maquinário operando e gastando energia. Como o café é uma commodity, ter o custo reduzido é prioridade em qualquer fazenda”, ela afirma. Neste sentido, a produtora também teve uma redução de 47% nos custos com fertilizantes e passou a adotar o controle natural de pragas.
Estes e outros exemplos contribuíram para que Ana Paula Curiacos seja a nova vencedora do Prêmio Mulheres do Agro, na categoria Pequena Propriedade.
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