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Megaoperação naval pode proteger exportações de grãos da Ucrânia

Carregamentos de alimentos permanecem parados em portos da Ucrânia em razão do bloqueio russo; país é o terceiro maior exportador de milho e cevada do mundo, segundo a FAO

Navio cargueiro é abastecido com grãos: países do Leste Europeu sugerem uso de frota militar para proteger exportações da Ucrânia (Getty Images/Getty Images)

Navio cargueiro é abastecido com grãos: países do Leste Europeu sugerem uso de frota militar para proteger exportações da Ucrânia (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 31 de maio de 2022 às 16h26.

Última atualização em 31 de maio de 2022 às 17h05.

Com o bloqueio dos portos da Ucrânia pela Rússia, desde o início da guerra, toneladas de grãos permanecem paradas nas rotas de saída do Mar Negro, pesando fortemente na escalada de preços dos alimentos. Com perspectivas distantes de uma negociação para o fim do conflito, países do Leste Europeu estão desenhando um plano estratégico para resolver a questão.

A Lituânia e a Estônia passaram a defender o envio de navios de guerra para o Mar Negro com o objetivo de proteger as embarcações ucranianas que transportam milho, trigo e outros produtos agrícolas. O Reino Unido teria concordado em discutir o tema com os aliados do Leste Europeu, segundo o jornal britânico The Times.

Há preocupações, no entanto, em relação ao risco de escalada do conflito. A proteção naval ao comércio internacional de grãos da Ucrânia pressupõe o uso de bateria antiaérea e outros mecanismos capazes de repelir eventuais agressões russas. Com isso, aumentariam as chances de um ataque direto às Forças Armadas da Rússia por parte de países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"Navios e aeronaves militares seriam empregados para assegurar que o fornecimento de grãos possa deixar o Porto de Odessa, na Ucrânia, e chegar ao Estreito de Bósforo, na Turquia, sem interferência da Rússia", disse Gabrielius Landsbergis, ministro de Relações Exteriores da Lituânia. "Precisaríamos de uma coalizão de países com poder naval significativo para proteger o fluxo de navios ucranianos".

Na semana passada, o governo russo concordou em proporcionar um corredor marítimo para os navios ucranianos que transportam alimentos em troca do fim das sanções à Rússia. Nada indica, no entanto, que a Europa e os Estados Unidos devam retirar os embargos econômicos impostos a Moscou. O impasse continua — a Turquia tem servido como intermediária nas conversações, que tem contado com a participação de enviados do Kremlin e de Kiev.

A Ucrânia e a Rússia estão entre os maiores exportadores de trigo, milho e óleo de girassol do mundo. Juntos, os dois países também respodem por um sexto do comércio internacional de aves e mel. No ano passado, as exportações de cereais da Ucrânia somaram US$ 14 bilhões e as de óleos vegetais alcançaram US$ 7 bilhões, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O país é o sexto maior exportador de trigo do mundo. Além disso, ocupa o terceiro lugar no fornecimento global de milho e cevada. 

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