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Mais otimista no longo prazo, agricultor brasileiro espera lucros melhores em 2026, mostra pesquisa

52% dos agricultores identificam as condições climáticas extremas como o maior risco para a rentabilidade nos próximos dois anos

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 10h00.

Última atualização em 21 de agosto de 2024 às 10h57.

O ano de 2024 tem sido desafiador para os agricultores brasileiros, principalmente devido às margens reduzidas de lucro. Esse cenário foi confirmado pela segunda edição do estudo "A mente do agricultor brasileiro 2024", conduzido pela McKinsey e divulgado nesta quarta-feira, 21.

A pesquisa indica que 29% dos produtores esperam uma queda nos lucros este ano, enquanto 37% estão otimistas com a possibilidade de aumento — os produtores de algodão e grãos do Cerrado são os mais pessimistas em relação aos resultados de 2024.

Para 2026, as expectativas são mais alentadoras: 57% dos agricultores projetam crescimento nos lucros, 33% esperam estabilidade e 11% temem uma piora nas condições financeiras do agro.

O setor de café lidera o otimismo, com 65% dos cafeicultores esperando um aumento nos lucros nos próximos dois anos. Em contraste, o setor sucroenergético é o mais pessimista, com 50% dos produtores prevendo uma piora nos resultados financeiros em 2026.

O estudo aponta que 52% dos agricultores identificam as condições climáticas extremas como o maior risco para a rentabilidade nos próximos dois anos.

Além disso, 35% dos entrevistados consideram que o aumento nos preços dos insumos representa um risco significativo, enquanto 23% destacam a escassez de mão de obra como uma preocupação importante para a rentabilidade no período.

Desde a safra 2016/2017, o Brasil sofre com eventos climáticos extremos, o que tem afetado tanto a produtividade quanto a rentabilidade agrícola. Para a temporada 2024/2025, as atenções estão voltadas para a ocorrência do fenômeno climático La Niña e seus eventuais impactos na safra brasileira de soja.

Sustentabilidade e inovação no agro brasileiro

A pesquisa da Mckinsey também mostra que 54% dos agricultores brasileiros acreditam que melhorias de produtividade por meio de inovações tecnológicas podem impulsionar seus ganhos, um aumento significativo em relação aos 39% registrados na edição de 2022.

No entanto, os produtores enfrentam desafios significativos na adoção de tecnologias agrícolas. Custos elevados, falta de suporte técnico adequado e infraestrutura insuficiente são os principais obstáculos — curiosamente, o compartilhamento de dados não é visto como uma barreira significativa para a adoção de novas tecnologias.

O estudo destaca a crescente adoção de produtos biológicos no Brasil, com cerca de 70% dos agricultores planejando manter ou até aumentar seus investimentos nas soluções, independentemente das flutuações nos preços dos insumos tradicionais.

Um dado que chama atenção está relacionado ao uso das agtechs, as startups voltadas para o agronegócio. Enquanto no Brasil a aplicação de agtech se concentra principalmente na proteção de cultivos, nos Estados Unidos a prioridade é a otimização operacional — a tendência indica que a adoção de tecnologia se torna mais vantajosa à medida que a escala da operação aumenta.

Quando o assunto é a sustentabilidade, o Brasil se destaca: em 2024, 87% dos agricultores do país afirmam adotar práticas sustentáveis para melhorar a eficiência dos insumos agrícolas, um aumento de 12 pontos percentuais em relação ao estudo de 2022. Em contraste, a média global é de 67% em 2024, um crescimento de 10 pontos percentuais em relação à pesquisa de 2022.

O principal incentivo para a adoção da sustentabilidade é o apoio aos custos iniciais do produtor. Além disso, a monetização por meio de créditos de carbono é uma motivação mais relevante para grandes produtores, que veem nisso uma oportunidade adicional para maximizar seus lucros.

Após o auge da pandemia, a preferência por interações digitais no setor agrícola tem se estabilizado. Embora muitos agricultores ainda prefiram interagir pessoalmente ao comprar insumos, a recompra de produtos é a principal interação realizada de forma digital.

Segundo o estudo, 40% dos agricultores brasileiros optam por interações digitais durante sua jornada de compra, com o uso de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, sendo particularmente popular.

Cerca de 70% dos produtores utilizam plataformas digitais em suas compras, com a maior adoção observada entre aqueles que adquirem equipamentos. Apesar do crescimento das interações digitais, confiança, variedade de produtos e assessoria são os principais motivos pelos quais muitos agricultores preferem comprar de varejistas físicos em vez de online.

O estudo faz parte da pesquisa Global Farmers Insights 2024, que entrevistou mais de 4.250 agricultores em nove países, incluindo 757 no Brasil, entre fevereiro e junho deste ano.

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