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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 19 de julho de 2024 às 07h15.
Com a chegada da infiltração marítima ao litoral de São Paulo, há preocupações entre os produtores sobre o alcance desse fenômeno climático nas principais regiões produtoras do Brasil. Nos próximos dias, uma extensa área da costa brasileira continuará sob a influência de tempo instável, impulsionado principalmente pela forte infiltração marítima, conhecida como brisa marítima..
De acordo com informações do Climatempo, esse fenômeno ocorre quando o ar fresco e úmido do oceano penetra para o interior do continente, substituindo o ar quente e seco da terra – a movimentação é essencial para a formação de chuvas no litoral, pois introduz umidade, promove o resfriamento e a condensação do ar sobre a terra, o que resulta em precipitação.
Infiltração marítima é um "nome bonito" para falar da circulação de ventos úmidos do mar em direção à região costeira, afirma César Soares, meteorologista da Climatempo. Segundo ele, "essa condição tem contribuído para o aumento das chuvas na região litorânea paulista, resultando em precipitações mais intensas. Além disso, tem influenciado o surgimento de nevoeiros em algumas áreas".
Durante as tardes, por volta das cinco horas, a brisa marítima entra na faixa leste paulista, elevando a umidade relativa do ar. Esse aumento de umidade, junto com a queda da temperatura ao amanhecer, causa a condensação do vapor de água, formando o nevoeiro que tem sido observado nos últimos dias – o nevoeiro tende a se dissipar ao longo da tarde, à medida que a temperatura sobe novamente e o calor retorna.
Sobre o volume de chuva em áreas produtoras nesta época específica do ano, a influência da brisa marítima não é suficiente, diz Soares. Isso ocorre porque predominam grandes massas de ar seco durante o inverno – o cenário atrasa e dificulta a ocorrência de chuvas, o que é prejudicial para culturas que dependem de água para se desenvolver.
Nas áreas centrais do Brasil, como no Centro-Oeste, parte do Sudeste, interior de São Paulo e Minas Gerais, a falta de chuvas é notável. Ao contrário, espera-se que o clima fique mais seco não apenas no final de julho, mas também ao longo dos meses de agosto e setembro.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê para julho chuvas acima da média na faixa norte da Região Norte e em áreas específicas do leste das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Por outro lado, em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, sul da Região Norte, interior da Região Nordeste e oeste da Região Sul, espera-se chuva próxima ou abaixo da média climatológica.
A redução das precipitações em muitas partes do Brasil nesta época do ano é causada pela persistência de massas de ar seco, o que diminui a umidade relativa do ar.
Ainda, segundo o órgão climático, os mapas sugerem possíveis impactos nas principais culturas. A previsão de chuvas reduzidas pode diminuir os níveis de umidade no solo, especialmente no Matopiba e nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, além do centro-norte do Paraná, o que pode afetar as lavouras de milho segunda safra em fase reprodutiva e o trigo em desenvolvimento.
Em contrapartida, a falta de chuvas no interior do Nordeste e na região Centro-Oeste pode beneficiar a maturação e a colheita do algodão, cana-de-açúcar e café na região Sudeste. A previsão de chuvas acima da média em áreas do leste da região Sul, principalmente no nordeste do Rio Grande do Sul, podem dificultar a semeadura do trigo.