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Indústria da soja espera revisão do governo sobre mistura de 14% de biodiesel

Segundo a Abiove, a decisão não leva em conta a recente queda nos preços do óleo de soja, que recuou 4,9% em São Paulo durante janeiro

Segundo a Abiove, a decisão do governo não leva em conta a recente queda nos preços do óleo de soja, que recuou 4,9% em São Paulo durante janeiro, enquanto o biodiesel caiu 9,5% no Brasil. (jaboo2foto/Thinkstock)

Segundo a Abiove, a decisão do governo não leva em conta a recente queda nos preços do óleo de soja, que recuou 4,9% em São Paulo durante janeiro, enquanto o biodiesel caiu 9,5% no Brasil. (jaboo2foto/Thinkstock)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 18h39.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 19h13.

A indústria da soja no Brasil espera que o governo revise a decisão de manter a mistura de biodiesel no diesel em 14%. "O setor aguardava o aumento para 15%, já previsto. O governo deverá revisar sua decisão o mais rápido possível", afirmou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) em nota divulgada nesta terça-feira (18).

Nesta terça-feira, o governo federal decidiu adiar o aumento da mistura de biodiesel no diesel comercializado nos postos de gasolina. Com a medida, o percentual de biodiesel será mantido em 14%, apesar da previsão inicial de elevação para 15% a partir de 1º de abril. A decisão foi anunciada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME).

Segundo a Abiove, a decisão do governo não leva em conta a recente queda nos preços do óleo de soja, que recuou 4,9% em São Paulo durante janeiro, enquanto o biodiesel caiu 9,5% no Brasil.

A medida ocorre em um momento delicado para o governo, que, pressionado pela alta no preço dos alimentos — fator que impacta a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —, optou por adiar o aumento da mistura. Como a maioria da distribuição de alimentos no Brasil é feita por caminhões, qualquer aumento no preço do diesel tende a pressionar a inflação.

Apesar de ser um combustível renovável e mais sustentável, o biodiesel tem um custo mais elevado em comparação ao diesel tradicional, derivado do petróleo.

Combustível do Futuro

A chamada Lei do Combustível do Futuro determina que a mistura de etanol na gasolina deve ser de 27%, mas permite ao Poder Executivo reduzir esse percentual para até 22% ou elevá-lo para até 35%. Atualmente, a legislação permite que a mistura alcance até 27,5%, com um mínimo de 18% de etanol, sem alterações previstas.

No caso do biodiesel no diesel, o percentual de mistura está fixado em 14% desde março de 2023. A nova lei estabelece que, a partir de março de 2025, esse índice poderá aumentar em um ponto percentual por ano, até atingir 20% em março de 2030.

A adição de biocombustíveis aos combustíveis fósseis é uma política de Estado, coordenada pelo CNPE, órgão do governo sob a presidência do MME.

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