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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 22 de julho de 2024 às 07h50.
Última atualização em 22 de julho de 2024 às 13h59.
A inandimplência do agronegócio brasileiro atingiu 7,3% no primeiro trimestre de 2024, alta de 0,8 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior, mostram dados divulgados nesta segunda-feira, 22, pela Serasa Experian.
Para calcular o índice, foram consideradas apenas pessoas que possuem dívidas vencidas há mais de 180 dias e até 5 anos, com valores a partir de R$ 1.000, relacionadas ao financiamento e atividades do agronegócio.
De acordo com o head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta, o aumento foi considerado relativamente positivo, já que indica uma leve elevação, que sugere estabilidade no cenário de inadimplência de um dos principais setores da economia brasileira.
“Mesmo com os diversos desafios enfrentados pelo setor no último ano, como a queda do preço das commodities e a subida dos custos de insumos agropecuários, os números de inadimplência no agro se mantiveram praticamente estáveis e a maior parcela dos proprietários rurais brasileiros conseguiu honrar seus compromissos financeiros", afirmou o head de agro.
As instituições financeiras que concedem financiamento para atividades agrícolas foram responsáveis pela maior parcela de inadimplência, com 6,5% no período. Em contrapartida, os percentuais de proprietários rurais devedores no setor agro e em outras áreas correlatas foram significativamente baixos, com apenas 0,1% e 0,2%, respectivamente.
"É importante ressaltar essa diferenciação, porque se no geral apenas 7 em cada 100 proprietários rurais estão inadimplentes, nesse recorte o percentual é quase inexistente", diz Pimenta.
Essas categorias abrangem uma ampla gama de produtos e serviços essenciais para o setor, como agroindústrias de transformação, comércio atacadista agro, serviços de apoio ao agronegócio, produção e revenda de insumos e máquinas agrícolas, além de produtores rurais, seguradoras não-vida, transportes e armazenamento.
Um dado que chama a atenção, segundo o head de agronegócio da Serasa, é que os proprietários mais velhos superaram os mais jovens em relação à inadimplência. Enquanto a taxa de não pagamento para os proprietários entre 80 anos e mais foi de 3,1% no primeiro trimestre, a dos produtores na faixa de 18 a 29 anos chegou a 11,3% no intervalo analisado.
Por região agrícola, segundo o Serasa, o norte do Brasil registrou a maior taxa de inadimplência nos primeiros três meses de 2024, com 10,5%. Em seguida, nordeste com 9,1% e Matopiba, região que abrange partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, formada pelas primeiras sílabas de seus nomes, com 9,0%. Por outro lado, o sul registrou o menor percentual, com 4,9%.
“É possível que esse cenário mude, devido aos impactos climáticos negativos provocados pelas enchentes deste ano. No entanto, a suspensão das negativações anunciada pela Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC ), a boa penetração de Seguros Rurais na região e a experiência da população rural, podem minimizar esses reflexos”, diz Pimenta. O sudeste e o centro-oeste agro também tiveram resultados mais baixos, com 6,2% e 7,5%, respectivamente.