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Ministério da Agricultura confirmou a detecção do vírus H5N1 em aves marinhas migratórias (Paulo Whitaker/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 16 de maio de 2023 às 10h04.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) se manifestou a respeito dos dois casos confirmados de influenza aviária no litoral do Espírito Santo, na segunda-feira, 15, reiterando não haver impacto ao abastecimento de frangos no mercado interno e externo.
Ricardo Santin, presidente da ABPA, gravou um vídeo especialmente aos criadores de aves, esclarecendo que ambas as identificações não ocorreram dentro do sistema industrial brasileiro. "A ave está longo do sistema industrial, mas faz com que a gente aumente nossos cuidados sanitários", afirmou. Isso significa cuidado redobrado no contato com aves, desinfecção de instalações e reforço nos protocolos de biosseguridade.
O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou a detecção do vírus H5N1 em Vitória e Marataízes em aves marinhas migratórias, cujas análises em laboratório começaram a ser feitas ainda na quarta-feira, 10, quando animais foram retirados do local.
A campanha da ABPA alerta para que qualquer sinal de desconfiança sobre o vírus nos aviários seja comunicado a autoridades como Mapa e Secretaria de Agricultura do município, para que o vírus não atinja áreas produtivas comerciais.
"Também não são esperadas mudanças no fluxo de comércio internacional de produtos brasileiros, tendo como princípio as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)", informou a ABPA.
A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença que afeta principalmente as aves, como galinhas, patos e gansos. O vírus H5N1 é um subtipo específico do vírus da influenza aviária, recebendo esse nome devido às proteínas presentes em sua superfície, chamadas hemaglutinina tipo 5 (H5) e neuraminidase tipo 1 (N1). Essas proteínas são importantes para a capacidade do vírus infectar células e se espalhar.
O vírus H5N1 surgiu pela primeira vez em aves na década de 1990 e desde então tem sido motivo de preocupação para a indústria de aves. O Brasil, por sua vez, conseguiu permanecer livre da influenza aviária nas áreas industriais, motivo pelo qual conseguiu abrir mercado nas últimas décadas e exportar carne de frango para mais de 160 países.
A transmissão do vírus H5N1 de aves para humanos ocorre principalmente por meio do contato direto com aves doentes ou com suas secreções, como fezes ou secreções respiratórias. No entanto, a transmissão de pessoa para pessoa é muito limitada e, até o momento, não ocorreu uma disseminação sustentada do H5N1 entre seres humanos.
As exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 435,1 mil toneladas em abril, segundo a ABPA, alta de 4% em comparação ao volume embarcado no mesmo mês de 2022. Em receita, as vendas internacionais do setor alcançaram US$ 840,3 milhões.
No acumulado de 2023, as exportações de carne de frango já totalizam 1,749 milhão de toneladas, volume 12,1% superior ao registrado no 1° quadrimestre de 2022, com 1,560 milhão de toneladas. No mesmo período, a receita acumulada chegou a US$ 3,413 bilhões.
“O volume embarcado em abril praticamente repete a média mensal registrada ao longo deste ano, que está acima das 430 mil toneladas. Nos próximos meses, são esperados números de exportações equivalentes aos de abril, projetando para o ano volumes superiores a 5 milhões de toneladas de carne de frango embarcadas pelo Brasil para mais de 150 países”, diz Ricardo Santin.
Principal destino das exportações brasileiras, a China importou no quadrimestre 262,8 mil toneladas, volume 33,3% superior ao embarcado no mesmo período de 2022. Outros destaques foram o Japão, África do Sul, Arábia Saudita, União Europeia, Filipinas e México.