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Governo diz que acelerará inspeção sanitária para baratear preço da carne

Medida permitirá que os municípios tenham um processo mais ágil e estruturado para fiscalizar e regular o abate de animais destinados ao consumo

 (Antônio Temóteo )

(Antônio Temóteo )

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 6 de março de 2025 às 19h36.

Última atualização em 6 de março de 2025 às 19h38.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta quinta-feira, 6, que o governo pretende acelerar a implementação do sistema sanitário de abate municipalizado para baratear o preço dos alimentos. A medida permitirá que os municípios tenham um processo mais ágil e estruturado para fiscalizar e regular o abate de animais destinados ao consumo, como adiantou a EXAME.

Alckmin, no entanto, não detalhou a iniciativa, que pode envolver investimentos em infraestrutura, reforço na inspeção sanitária e simplificação de regras para que pequenos frigoríficos e matadouros possam operar dentro da legalidade.

Atualmente, muitos municípios enfrentam dificuldades para garantir que o abate de animais siga normas sanitárias adequadas, o que pode gerar riscos à saúde pública e criar barreiras comerciais.

Com a aceleração do sistema, o governo busca expandir o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), permitindo que produtos de origem animal recebam certificação e possam ser vendidos legalmente, inclusive para outras regiões, caso haja adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA).

A medida pode beneficiar pequenos produtores, aumentar a oferta de carne segura no mercado e reduzir o abate clandestino. Além disso, com um sistema mais eficiente de inspeção sanitária, o custo da carne pode diminuir, impactando diretamente o bolso do consumidor.

Preço dos alimentos

No Planalto, a avaliação é de que a alta no preço dos alimentos é o principal fator para a queda de popularidade do governo Lula. Desde janeiro, a gestão tem buscado alternativas para conter a inflação, mas sem impacto direto na percepção da população.

Uma pesquisa da Quest mostrou que a sensação de piora econômica no país contrasta com o discurso oficial de que o Brasil cresce acima das expectativas. Embora os indicadores apontem crescimento, a realidade do consumidor não reflete essa melhora – e o preço dos alimentos é o maior termômetro desse descompasso.

Em oito estados pesquisados, mostra a pesquisa, mais de 90% da população afirmou que os alimentos ficaram mais caros no último mês.

“Embora em São Paulo a inflação acumulada de alimentos tenha chegado a 10% em 2024, e em Salvador tenha sido bem menor, 5,84%, em ambos os estados 95% das pessoas disseram que os preços subiram no último mês”, destacou no X o autor da pesquisa, Felipe Nunes.

Em 2024, os preços dos alimentos registraram uma alta média de 7,69%, superando a inflação oficial do país, que ficou em 4,83%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo de Alimentação e Bebidas contribuiu com 1,63 ponto percentual (p.p.) para o IPCA no ano.

A maior pressão de alta veio do item carnes, promessa de campanha de Lula, que registrou um aumento de 20,84% em 2024, representando um impacto de 0,52 ponto percentual (p.p.) na inflação geral.

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