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Fertilizantes são maior crise da agricultura moderna, dizem especialistas

Guerra na Ucrânia e imagem do Brasil no exterior foram temas do painel sobre "Geopolítica do agronegócio", que abriu o evento SuperAgro da EXAME nesta quinta-feira

Maia, do BTG, Cossa, da Yara, Hodge, cônsul dos EUA: soluções de curto e longo prazo para a crise dos fertilizantes (Divulgação/Exame)

Maia, do BTG, Cossa, da Yara, Hodge, cônsul dos EUA: soluções de curto e longo prazo para a crise dos fertilizantes (Divulgação/Exame)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2022 às 10h02.

Última atualização em 14 de abril de 2022 às 11h38.

A guerra entre Rússia e Ucrânia quando o mundo ainda saía da pandemia da covid-19 colocou o agronegócio no centro de desafios inéditos - que vão da inflação crescente no mundo às cadeias de suprimentos e oferta de fertilizantes.

Para nomes do setor público e privado do agronegócio, será preciso buscar soluções não só de curto, como de médio e longo prazo no campo, e usando os gargalos atuais para reduzir a dependência de somente poucos fornecedores e ampliar a produção sustentável. 

O tema esteve no tema do painel de "Geopolítica do agronegócio", que abriu o evento SuperAgro da EXAME nesta quinta-feira, 7.

O evento contou com a presença de David Hodge, cônsul-geral dos EUA em São Paulo, Maicon Cossa, Vice-Presidente Comercial da Yara e Augusto Maia, Sales Trader de Commodities no BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME). Veja o painel completo abaixo:

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Na visão de Hodge, cônsul dos EUA, a oferta de fertilizantes enfrenta "sua maior crise nos tempos modernos" com a guerra na Ucrânia.

O cônsul afirma que o secretário de Agricultura dos EUA, Thomas J. Vilsack, e a ministra Tereza Cristina conversaram na semana passada sobre pesquisas e formas de reduzir a dependência de fertilizantes de alguns mercados.

A Rússia é uma das principais produtoras de fertilizantes do mundo, e respondia antes da guerra por mais de 20% de todos os fertilizantes usados no Brasil.

"Reconhecemos que essas não são soluções rápidas, mas nossos países compartilham dos mesmos valores e sabem que colaboração, como já demonstramos no passado, levará a resultados significativos", diz Hodge.

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Hodge pontua que, juntos, Brasil e EUA fornecem 60% de todo o milho e 80% de toda a soja consumidos no mundo, além de grande produção de aves e carnes suínas e bovinas. Os países são, assim, "grandes competidores" em muitos mercados, mas também parceiros em áreas de desenvolvimento e tecnologia, diz o cônsul.

"Essa colaboração de longa data apoia nossos setores agrícolas e tem contribuído para a promoção da segurança alimentar global", diz.

Cossa, da Yara, lembrou que a demanda por fertilizantes ao longo dos últimos anos já vinha tendo alta de 30%, e o setor conseguiu responder à altura.

Mas afirma que, em meio à crise na oferta atual, além de reduzir a dependência de exportações, o Brasil está posicionado para ampliar o uso de soluções mais sustentáveis, um investimento para o futuro.

Um dos projetos é da Yara com nomes como a Raízen, usando amônia verde do biometano, que caminha para ser o "primeiro fertilizante verde". Cossa acredita que a crise pode abrir espaço para que essa "agenda positiva" seja acelerada. "São soluções que trariam mais estabilidade para toda a cadeia", diz o executivo.

Na produção brasileira, outro desafio para o curto e longo prazo será reconstruir a imagem do agro nacional no exterior, na opinião dos especialistas.

Cossa lembra que os produtores brasileiros "já pagam um prêmio" no exterior por uma produção que não é vista como ambientalmente correta, muito disso não devido a fatores reais, mas à imagem ainda ruim do Brasil na frente ambiental.

Maia, do BTG, pontuou que o Brasil pode estar deixando de acessar mercados valiosos, mesmo com avanços na frente ambiental. "Talvez estejamos deixando de captar um nicho que paga melhor", diz.

"Fica um problema que passa a ser geopolítico, que é como nossos parceiros estão reconhecendo isso. Podemos estar fazendo o dever de casa, a lição sendo bem feita - mas como isso está sendo passado para o resto do planeta?", diz, afirmando que esta é uma demanda para todos os países, não só o Brasil, e que os produtores brasileiros têm a ganhar se o país ampliar esforços de comunicação.


Acompanhe abaixo o dia de debates no SuperAgro, com as principais questões econômicas e políticas que influenciarão o campo em 2022, e confira aqui a agenda completa:

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