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Fazenda Conectada: propriedade em Água Boa (MT) teve investimentos de R$ 1,4 milhão para obter conectividade (Case IH/Divulgação)
Repórter de Agro
Publicado em 15 de setembro de 2023 às 12h06.
ÁGUA BOA, MT — Mato Grosso tem longas distâncias sem sinal algum de telefonia. Adicione-se a isso muitos quilômetros sem postos de gasolina — e a situação fica mais crítica quando os deslocamentos são à noite. Esta é a vida de muitos produtores, caminhoneiros, agrônomos e uma série de profissionais que cruzam as rodovias do estado — e do país. Portanto, chegar a uma cidade em que o sinal 4G ou Wi-Fi vai até o meio da lavoura significa muito para o meio rural.
No município de Água Boa, na região conhecida como Vale do Araguaia, duas fazendas localizadas lado a lado tiveram produtividades diferentes na safra 2022/23. O motivo: acesso à internet. A uma distância de 23 quilômetros, a área conectada da Agropecuária Jerusalém performou com 2,35 sacas a mais. Quando comparado à safra 2021/22, os talhões cobertos com sinal 4G tiveram acréscimo de 3,15 sacas por hectare.
No acumulado do ano safra, a empresa chegou a um acréscimo de produtividade de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Com a conectividade, foram colhidas 12.925 toneladas de grãos, desempenho que na safra passada havia sido de 10.955 toneladas.
Para chegar a esta produtividade, o investimento foi de 1,4 milhão de reais, considerando a antena, manutenção, kit telemetria para 10 máquinas agrícolas e consultoria para os projetos de conectividade da fazenda por um ano.
Felipe Zmijevski, agrônomo responsável pela fazenda, afirma que as atividades mais 'comuns' como o preparo do solo, plantio, fertilização e pulverização já possuíam algum nível de tecnologia. "Telemetria e monitoramento da frota foram inseridos depois da chegada da internet e das máquinas conectadas", afirma Rodrigo Alandia, diretor de marketing de produtos Case IH, montadora que aportou o valor para transformar a Agropecuária Jerusalém.
A programação das máquinas agrícolas para o pré-plantio, construção do histórico de mapas de clima, operação digital na colheita e até o acompanhamento da frota de tratores à distância, em tempo real, são tarefas viáveis com a chegada da internet. Mais especificamente antenas de 4G a uma frequência de 700 MHz.
Além das atividades ficarem mais eficientes, a parceria entre produtor, agrônomo, mondotadora, concessionária e empresa de telefonia cria um ecossistema que resulta em mais economia.
Gregory Riordan, diretor de tecnologias digitais da CNH Industrial — grupo integrado pelas fabricantes Case IH e New Holland —, explica que "a eficiência operacional proporcionada pela internet diminuiu a ociosidade das máquinas, o que reduz o tempo dedicado à colheita". Não por acaso, a Agropecuária Jerusalém conseguiu finalizar a colheita três dias antes do planejado e economizando 307 mil reais em combustível, devido à redução de 25% do consumo por hectare em relação a 2021/22.
Se o acréscimo de produtividade com a internet chegar a quatro sacas por hectare, a um preço de 135 reais a saca por hectare, o valor de 1,4 milhão de reais pode se pagar em menos de um ano. Nesta análise de viabilidade econômica da instação da infraestrutura, a área considerada é de 3.165 hectares.
"Mesmo se o produtor tiver apenas o incremento de uma saca por hectare, o payback é de 3,17 anos. São menos de três safras cheias e os benefícios vão além da porteira, tendo impacto social a todos que estão nos arredores, nas estradas, escolas, se beneficiando de um investimento pensado em ecossistema", diz Rodrigo Alandia, diretor da Case IH.