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(CE)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 09h50.
Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 10h05.
Depois de superar os Estados Unidos e assumir a liderança na exportação mundial de algodão na safra 2023/24, com 2,6 milhões de toneladas, o Brasil encara novos desafios na temporada 2024/25. As projeções foram divulgadas nesta quarta-feira, 8, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A produção mundial de algodão segue em expansão, crescendo mais rápido que a demanda. De acordo com o Conselho Consultivo Internacional do Algodão (Icac, na sigla em inglês), a produção global deve alcançar 25,30 milhões de toneladas na safra 2024/25.
No Brasil, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta um recorde de 3,66 milhões de toneladas, enquanto as exportações podem atingir 2,68 milhões de toneladas, com estoques finais estimados em 94,06 mil toneladas.
Outras projeções reforçam o potencial de crescimento. A StoneX estima uma produção de 3,82 milhões de toneladas, impulsionada por uma expansão de 6,4% na área plantada.
Enquanto a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), prevê um crescimento ainda maior, com 3,97 milhões de toneladas, representando um aumento de 8% em relação ao ciclo anterior.
Apesar das perspectivas otimistas, os custos de produção, em alta significativa, continuam a pressionar os produtores. Os aumentos superam os ganhos nos preços de venda projetados para a safra.
Além disso, o cenário econômico global deve permanecer estável em relação a 2024, sem previsões de crescimento expressivo no consumo.
Por aqui, o consumo interno de algodão tem sido estável nos últimos cinco anos, variando entre 700 mil e 750 mil toneladas de pluma, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Outro ponto de atenção é o impacto dos preços do petróleo, que permanecem abaixo dos níveis registrados há um ano. A queda favorece as fibras sintéticas, como o poliéster, que oferecem maior uniformidade e custo competitivo, reduzindo a participação do algodão no mercado global.
Segundo Luís Carlos Bergamaschi, vice-presidente da Associação Baiana de Algodão (Abapa), “a concorrência com a fibra sintética tem estagnado a demanda pelo algodão, já que o mercado prefere a uniformidade e o preço acessível desse tipo de produto”. Ele acrescenta que os consumidores optam pelos sintéticos principalmente devido ao custo mais baixo.
Por outro lado, a valorização do dólar frente ao real surge como um ponto positivo, oferecendo suporte aos preços e favorecendo a paridade de exportação.