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(Binatural/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 8 de outubro de 2024 às 14h52.
Última atualização em 8 de outubro de 2024 às 15h01.
A sanção da Lei do Combustível do Futuro deve trazer maior segurança jurídica para o setor e ampliar os investimentos em biocombustíveis, acredita André Lavor, CEO da Binatural, empresa que é líder no mercado de produção exclusiva de biodiesel.
Para Lavor, a aprovação deve impulsionar um crescimento de 15% ao ano na Binatural. No ano passado, a empresa teve um faturamento de cerca de R$ 2 bilhões. Nos últimos cinco anos, o incremento foi de 175%.
Em 2024, a projeção é faturar cerca de R$ 3 bilhões. “O projeto como um todo é muito positivo [...] e faz o Brasil estar na vanguarda da transição energética. Essa previsibilidade confirma nossos investimentos projetados”, afirmou à EXAME.
Assinado nesta terça-feira, 8, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei do Combustível do Futuro altera os percentuais de mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo diesel. Além disso, estabelece incentivos ao diesel verde e ao combustível sustentável — Lavor estava presente no evento que transformou o PL em lei.
Com a sanção, o percentual de mistura de etanol na gasolina será de 27%, mas o Poder Executivo poderá ajustá-lo entre 22% e 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, com um mínimo de 18%. “A transição energética busca garantir um retorno viável, tanto ambiental quanto economicamente. Isso vai além de uma simples aposta”, disse o CEO.
A projeção é de que, com a nova lei, haja investimentos de cerca de R$ 52,5 bilhões no setor na próxima década, com a incorporação de mais R$ 412 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados da Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove), entidade que representa os produtores.
A Abiove também projeta que a redução das importações com o B25 deverá proporcionar uma economia de US$ 10,5 bilhões na balança comercial, além de gerar mais de 1,5 milhão de novas vagas de emprego e beneficiar mais de 540 mil agricultores rurais.
A Binatural possui duas plantas de produção de biodiesel: uma em Formosa (Goiás) e outra em Simões Filho (Bahia). A capacidade combinada de produção das duas plantas é de 600 milhões de litros de biodiesel por ano.
A Binatural planeja investir R$ 100 milhões nos próximos três anos para ampliar a capacidade produtiva de 600 milhões de litros de biodiesel por ano para 700 milhões de litros.
Os investimentos serão concentrados na ampliação da unidade industrial de Formosa, que atualmente tem capacidade de 240 milhões de litros por ano. Lavor afirmou que a ampliação será feita com recursos próprios e de terceiros.
O biodiesel produzido pela Binatural é originado de diversas fontes, incluindo soja, sebo bovino e óleo de cozinha usado. Enquanto a maioria das empresas utiliza 70% de óleo de soja na produção, na Binatural esse percentual é de apenas 30%. Lavor comenta que a coleta de óleo de cozinha usado ainda é muito baixa no Brasil.
Para melhorar essa questão, a Binatural fechou projetos com redes de fast food, visando aumentar a coleta de óleo de cozinha usado. “Para este ano, projetamos um crescimento de 30% no uso de óleo reciclado. Temos muitos projetos de parcerias, especialmente voltados para a coleta”, afirma Lavor.
A empresa faz parte do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), que promove a inclusão da agricultura familiar na cadeia de produção de biocombustíveis.
Atualmente, a Binatural adquire 10% das matérias-primas de agricultores familiares, envolvendo mais de 25 mil famílias em mil municípios — a meta é ampliar esse percentual para 15% no próximo ano. Entre os produtos adquiridos estão açaí, baru e mamona.
A nova lei cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel.
O percentual de mistura de etanol na gasolina será de 27%, mas o Poder Executivo poderá ajustá-lo entre 22% e 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, com um mínimo de 18%
Ela também institui o marco regulatório para a captura e estocagem de carbono, destravando investimentos que somam R$ 260 bilhões, e criando oportunidades que aliam desenvolvimento econômico com geração de empregos e respeito ao meio ambiente.