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(Erural/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 7 de outubro de 2024 às 11h32.
Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 11h49.
Ser o maior marketplace do pecuarista era o objetivo da Erural, plataforma de negócios para o setor, quando foi fundada em 2018. A startup, que recebeu um investimento total de R$ 8,8 milhões da gestora SP Ventures, em rodadas de R$ 6 milhões em 2022 e R$ 2,8 milhões em 2024, cresceu e agora o plano é ir além, com o lançamento do Erural Pay, uma plataforma de pagamentos, acesso a crédito e de gestão para pecuaristas.
"Esse vendedor precisa gerenciar uma vasta carteira de compradores que continua a crescer à medida que ele realiza vendas”, diz à EXAME, Matheus Ladeia, CEO da companhia.
Sendo o Brasil o segundo maior produtor mundial de carne bovina e o principal exportador global da proteína, a iniciativa deve "facilitar as transações para o produtor", acredita Ladeia. Em 2023, o país registrou um aumento de 1,6% em seu rebanho, com 238,6 milhões de cabeças, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A compra e venda de um gado pode ocorrer por meio de diferentes métodos, incluindo leilões, vendas diretas entre proprietários, além da intermediação de corretores e agentes. O mercado pode operar em níveis local, estadual ou nacional, e os preços podem variar em função da oferta, demanda e das condições gerais do mercado.
O novo recurso da Erural, lançado inicialmente em formato de teste e agora oficial, permite ao pecuarista formalizar o processo de compra e venda de gado de forma 100% digital, incluindo contratos e pagamentos.
"Isso inclui a agilidade no recebimento de pagamentos e a possibilidade de antecipação de receitas, auxiliando no fluxo de caixa e investimentos necessários na propriedade, diz o CEO.
Em menos de um ano de operação, cerca de R$ 42 milhões em transações foram processados até o momento, envolvendo 3,6 mil compradores e mais de 100 fornecedores – a receita já representa 20% do total da Erural.
A plataforma também pode ser utilizada como uma espécie de “consignado do boi”, já que oferece crédito com mais facilidade e rapidez em comparação às instituições financeiras mais tradicionais.
Isso porque, na prática, quando um produtor rural concretiza a compra de um boi, por exemplo, acaba se deparando com desafios imediatos em sua fazenda, como os custos dessa transação — um exemplo é o custo de transporte do animal.
No caso dos vendedores, a ferramenta oferece uma solução: além de permitir o recebimento de pagamentos dos compradores por meio de Pix ou boleto, ele também possibilita a antecipação de até 30% do valor dos títulos que o vendedor tem a receber.
Essa modalidade elimina a necessidade de garantias adicionais, pois a segurança está baseada nos ativos sob a gestão direta do produtor – isso contribui para a redução dos riscos de inadimplência, acredita Ladeia.
Além do lançamento da plataforma de pagamentos, a Erural revelou que estuda o lançamento de um Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). "A empresa avança para uma nova fase, preparando-se para estruturar um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), em vez de continuar operando apenas como uma plataforma de originação", afirma o CEO.
Direitos creditórios são direitos e títulos representativos de direitos, originados por contratos mercantis de compra e venda de produtos, mercadorias ou serviços.
No caso do Fiagro FIDC, esses direitos creditórios são especificamente relacionados a operações no agronegócio, permitindo que o fundo compre e administre recebíveis gerados por produtores rurais e empresas do setor agropecuário.
Cerca de 550 mil investidores, principalmente pessoas físicas, estão investindo em Fiagros. Desde a introdução da norma temporária em julho de 2021, esses fundos acumulam um patrimônio líquido de R$ 37 bilhões.
O mercado atualmente abriga 115 fundos, dos quais 12 contam com mais de 15 mil cotistas cada, mostram dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regulamenta fundos de investimento no Brasil.
De acordo com Ladeia, a empresa iniciou o desenvolvimento de soluções de crédito que rapidamente ganharam tração no mercado. Com a introdução do Fiagro, a expectativa é de que haja mais agilidade, velocidade e melhores condições para os produtores.
“Percebemos que havia espaço para estruturar esse novo modelo, permitindo que nossos serviços fossem mais eficientes e adaptados às necessidades do setor”, afirma Ladeia.