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Como o Pará quer ser protagonista da bioeconomia com floresta em pé e agro pujante

No caminho também de mudar este cenário, a capital do Pará, Belém, será a sede da COP-30, marcada para 2025

Amazônia: floresta aliada do desenvolvimento econômico. (Divulgação/Exame)

Amazônia: floresta aliada do desenvolvimento econômico. (Divulgação/Exame)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 31 de maio de 2023 às 16h08.

Última atualização em 31 de maio de 2023 às 18h56.

Com seis milhões de hectares de pastagens degradadas e o estado onde o desmatamento anual corresponde a quase metade de todo o país, o governo do Pará quer ser protagonista na transformação dessa realidade. E a primeira etapa deste processo passa pela mudança de mentalidade dos produtores de que a única maneira de fazer agricultura é derrubando a floresta.

"Nós queremos fomentar e aproveitar esse ativo ambiental da tecnologia que permite essa regeneração de áreas degradadas. No Brasil, 75% das emissões vêm do uso da terra e agricultura", disse o Raul Protázio Romão, secretário adjunto de Gestão de Recursos Hídricos e Clima do Pará durante a 3ª edição do EXAME SUPERAGRO, evento que reuniu as principais autoridades e lideranças do agronegócio brasileiro em São Paulo, realizado na terça-feira, 30. "Basta cumprir a lei que reduzimos automaticamente 50% deste número por conta do desmatamento ilegal. As tecnologias de baixo carbono aumentam a produtividade e resiliência do solo."

Raul Protázio Romão admite que o caminho é longo, mas acredita ser papel do governo estadual fazer um trabalho de conscientização para que os produtores conheçam novas tecnologias já disponíveis para usar terras degradadas, sem precisar desmatar. Para isso, o estado conta com ajuda de parceiros, como a Embrapa, que pesquisa constantemente técnicas de aumentar a produtividade.

Marcelo Morandi, pesquisador sênior da Embrapa Meio Ambiente, explica que o trabalho conjunto fomenta a bioeconomia.

"Uma das iniciativas é a substituição dos insumos tradicionais pelos biológicos. Há também outras formas de melhorar a produtividade e até a geração de energia por meio da biomassa. Na década de 1960 fomos pioneiros na substituição do combustível fóssil pelo etanol. Podemos usar essa tecnologia para fazer a transição energética", disse Morandi, que participou de um painel ao lado do secretário paraense.


ESPECIAL SUPERAGRO


EXAME SUPERAGRO: Da dir. p/ esq. Mariana Grilli, repórter da EXAME Agro; Marcelo Morandi, pesquisador da Embrapa; Raul Protázio, secretário do Pará e Daniel Vargas, coordenador do Observatório de Bioeconomia da FGV (Divulgação/Exame)

Desenvolvimento econômico e social

A bioeconomia tem um olhar econômico, mas também social. Daniel Vargas, professor e coordenador do Observatório de Bioeconomia da FGV, explica que nas décadas de 1960 e 1970 os estados da região amazônica tiveram experiências de desenvolvimento industrial que não levaram em conta os problemas que poderiam gerar para a população.

"Vejo uma esperança e com bons olhos o projeto do Pará de mudar esta realidade. Há um cemitério de projetos que não deram certo e estamos tentando corrigir um erro que fizemos enquanto país. Quando se analisa as estatísticas sociais, os índices da Amazônia são os piores do Brasil. Temos feito um esforço de compreender e entender as demandas e necessidades da região", diz.

No caminho também de mudar este cenário, a capital do Pará, Belém, será a sede da COP-30, marcada para 2025. O evento é o principal fórum de debate sobre mudança climática e achar formas de equilibrar desenvolvimento econômico, social e ambiental.

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