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Com produção em alta, preço do abacate atinge menores níveis desde 2010

Alta demanda incentiva ampliação da área cultivada e puxa produtividade nacional

Produtor rural carregando a colheita de avocados na Colômbia (Eduardo Leal/Bloomberg)

Produtor rural carregando a colheita de avocados na Colômbia (Eduardo Leal/Bloomberg)

Iara Siqueira
Iara Siqueira

Repórter freelancer de Agro

Publicado em 21 de julho de 2023 às 15h45.

Última atualização em 21 de julho de 2023 às 19h50.

Consumido no famoso guacamole mexicano, com açúcar no Brasil ou como prato salgado na Colômbia, o abacate caiu no gosto dos consumidores pelo mundo. A alta demanda incentivou a ampliação da área de cultivo em solo brasileiro e, devido a uma safra em ascensão, o preço da fruta caiu e o setor avalia que é o momento de incentivar o consumo.

O preço de R$ 2,42 o quilo, em 2023, é o mais baixo desde a safra de 2010, segundo a Ceagesp. O abacate tropical teve queda de 38,1% no preço médio de janeiro a julho de 2023, quando chegou a custar R$ 3,91/kg.

Já o avocado foi vendido até junho de 2023 com o preço médio de R$ 9,91/kg, o que representa uma queda de 29,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

No campo, o produtor Jonas Everton Octávio vê a transformação da abacaticultura. Gerente da L.A Ferreti -- uma das empresas pioneiras no cultivo e comercialização de abacate tropical no país --, ele administra 720 hectares em Santo Antônio das Posses, região metropolitana de Campinas, em São Paulo.

“Atualmente, acontece um período de transição no setor no Brasil. Nós tínhamos um preço mais alto e uma produção um pouco menor há cinco anos. Agora, existe uma demanda maior, uma produção crescendo e um preço regular”, afirma Octávio.

Ele acredita que este é o momento oportuno para mostrar ao consumidor a qualidade do produto a um menor custo. “Com isso, o abacate passa a estar cada vez mais presente na casa dos brasileiros e automaticamente irá criar um público fiel, como acontece com outras frutas”, diz.

Produtividade nacional

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o cultivo passou de 13.065 hectares, em 2017, para 18.106 hectares em 2021. A expectativa é que os números consolidados de 2022 sejam divulgados até outubro desse ano.

Os dados do setor carregam uma defasagem. O IBGE ainda não tem o balanço da safra de 2022. Em 2021, a produtividade foi de 301 mil toneladas de abacate, tanto nacional quanto avocado. Parente do abacate, o avocado também é chamado de 'hass' e possui casca mais escura e polpa consistente.

O aumento de área de produção é atribuído às "boas condições climáticas que ajudaram na produtividade", diz Ligia Falanghe Carvalho, presidente da Associação de Abacates do Brasil.

Apenas entre janeiro e maio de 2023, 27.569 toneladas de abacate nacional e avocado passaram pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) maior entreposto no país, um crescimento de 54% em relação ao mesmo período do ano passado. O entreposto é uma referência para a comercialização da fruta, pois estima que 25% da safra brasileira seja transacionado via Ceagesp.

A fruta da ONU

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) projeta que o abacate seja a fruta tropical mais comercializada no mundo até 2030, com as exportações superando quatro milhões de toneladas.

Na safra atual, o abacate para exportação também registrou aumentos significativos, “em 2022 foram exportadas 10,2 mil toneladas, enquanto agora em apenas cinco meses de exportação, já passamos das 16 mil toneladas”, afirma a presidente, embora a safra ainda não tenha terminado.

Os principais destinos são: Argentina, Uruguai, Espanha, Holanda, entre outros, como os Emirados Árabes. Em conjunto com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o setor busca junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária expandir as exportações para os Estados Unidos e Chile.

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