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Chegada do outono pode prejudicar final da colheita da soja e o plantio do milho, aponta Inmet

Estação é caracterizada por uma diminuição gradual das temperaturas e uma redução na quantidade de chuvas, especialmente nas regiões mais ao sul do país, diz o órgão

Inmet: previsão de chuvas abaixo da média nas regiões Centro-Oeste e Sudeste nos próximos meses pode reduzir a quantidade de água no solo. (Freepik)

Inmet: previsão de chuvas abaixo da média nas regiões Centro-Oeste e Sudeste nos próximos meses pode reduzir a quantidade de água no solo. (Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 20 de março de 2025 às 15h47.

Última atualização em 20 de março de 2025 às 16h04.

A chegada do outono, a partir desta quinta-feira, 20, no Brasil, deve impactar negativamente a reta final da colheita da soja e o plantio do milho de segunda safra, projeta o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Considerado um período de transição climática, o outono no país é marcado pela diminuição gradual das temperaturas e pela redução das chuvas, especialmente nas regiões mais ao sul do país. Durante essa estação, as noites se tornam mais frescas e o clima tende a ficar mais ameno em comparação ao verão.

Em algumas regiões, como no Sul e Sudeste, o outono traz temperaturas mais baixas e a transição para o inverno, com o início das geadas nas áreas mais altas. Por outro lado, nas regiões Norte e Nordeste, as mudanças climáticas são mais sutis, com a estação sendo principalmente marcada pela redução das chuvas.

Segundo o Inmet, a previsão de chuvas abaixo da média no Centro-Oeste e Sudeste nos próximos meses pode reduzir a umidade do solo, prejudicando o crescimento das culturas de segunda safra, como milho e feijão nos períodos em que essas plantas mais necessitam de água.

Embora a falta de chuvas possa acelerar a colheita das culturas de primeira safra, como a soja, que está com 70% da área plantada colhida no país, segundo a AgRural, essa condição pode ser prejudicial para as plantações mais tardias, que dependem de mais tempo para se desenvolver adequadamente.

Por outro lado, no centro-sul do Rio Grande do Sul, a tendência é de aumento dos níveis de umidade do solo, que estavam abaixo do ideal em algumas áreas nos últimos meses — o aumento pode beneficiar as áreas de cultivo de primeira safra semeadas tardiamente. O estado, inclusive, tem apenas 5% da soja colhida, mostram dados da AgRural.

Safra 2024/25

Apesar da chegada do outono, a expectativa de uma safra recorde no país deve se manter, afirma Williams Bini, meteorologista. Segundo ele, tudo indica que a safra de milho 2024/25 será recorde, com um aumento expressivo em relação à temporada anterior.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a safra de milho no Brasil alcance 122,8 milhões de toneladas, sendo 95,5 milhões de toneladas da produção do cereal de inverno, que está na reta final de plantio em alguns estados.

"O clima deve se comportar de forma a beneficiar a cultura do milho nos próximos meses. A expectativa é de que sigamos com uma neutralidade climática. Podemos ter eventos de frio no outono, o que é positivo para a fisiologia do milho, já que a cultura precisa desse tipo de condição", diz o meteorologista.

No caso da soja, especialmente no Centro-Oeste, região que concentra parte significativa da produção nacional do grão, o clima tem sido favorável, já que não houve chuvas excessivas, afirma Bini. Dados Conab mostram que o Mato Grosso já colheu 91,7% da área plantada, ligeiramente acima da média histórica, que é 90,5%, enquanto no Mato Grosso do Sul esse índice está em 70%.

"Nessa região, o clima tem sido positivo, o que permitiu que a umidade do solo se mantivesse em níveis ideais, sem excesso de água. Não houve, portanto, aquele fenômeno de invernada no Centro-Oeste — um período de chuvas excessivas que costuma prejudicar as operações de campo. Isso favoreceu a colheita da soja, especialmente no final da temporada", afirma Bini.

Último levantamento da Conab aponta que a produção total de grãos do país deve alcançar 328,3 milhões de toneladas, um aumento de 10,3% em relação ao volume obtido no ciclo anterior, o que representa um acréscimo de 30,6 milhões de toneladas a serem colhidas.

O número reflete tanto o aumento na área plantada, estimada em 81,6 milhões de hectares, quanto a recuperação da produtividade média das lavouras, projetada em 4.023 quilos por hectare.

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