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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 17 de abril de 2025 às 14h23.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quinta-feira, 17, que o Brasil se colocará à disposição da China para "substituir" frigoríficos dos Estados Unidos no comércio de carne bovina.
A "oportunidade", explicou o ministro, surgiu a partir de um ato do governo chinês que, em meio à guerra comercial com os EUA, retirou a autorização de quase 400 plantas frigoríficas dos EUA para vender carne bovina à China.
Segundo Fávaro, a lacuna aberta com a desabilitação dos frigoríficos americanos poderá ser ocupada pelo Brasil.
"Alguém vai precisar fornecer essa carne, que era fornecida pelos norte-americanos. O Brasil se apresenta, com muita vontade e capacidade, e tenho certeza de que vamos saber ocupar esse espaço e ser um grande fornecedor", afirmou o ministro.
No ano passado, as exportações de carne bovina do Brasil cresceram 26%, alcançando 2,89 milhões de toneladas, o maior volume já registrado pelo setor.
A China foi o principal destino da carne bovina brasileira em 2024, com 1,33 milhão de toneladas exportadas, gerando um faturamento de US$ 6 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Na avaliação do Insper Agro, embora positiva, a relação de dependência do Brasil com a China, ainda que estratégica no curto prazo, pode se tornar problemática no longo prazo. No final de 2024, o país asiático abriu uma investigação contra os frigoríficos brasileiros, alegando que o aumento das importações de carne bovina colocava em risco o setor chinês.
"A China tem mostrado sinais de preocupação com essa dependência, e o Brasil precisa explorar outros mercados, como o Oriente Médio e a África, para diversificar suas exportações e reduzir o risco de uma eventual retaliação comercial", afirma o relatório do Insper.
Segundo o ministro, o esforço do governo brasileiro para ampliar a venda de proteínas no mundo não deve se limitar apenas à China.
Fávaro afirmou que representantes da alfândega chinesa devem se reunir com o governo brasileiro na próxima terça-feira, 22, para discutir a ampliação comercial entre os países, além de debater a adoção de protocolos conjuntos.
No início de março, o governo anunciou que o Vietnã abriu mercado para a carne bovina brasileira. Além disso, há negociações em andamento com o Japão.
"Por óbvio, queremos ampliação com a China. Acho que, diante da não reabilitação de quase 400 plantas nos EUA, eles vão precisar se decidir, e vamos nos apresentar", disse.