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Milho: queda no preço das commodities pode impulsionar contratação de barter (Cristiano Mariz/Exame)
Repórter de Agro
Publicado em 12 de junho de 2023 às 18h20.
Foram três anos de alta no preço das commodities desde a pandemia, impulsionando cotações de grãos, algodão, arroba do boi, entre outros produtos. O agricultor surfou a boa onda dos preços dolarizados, ainda que os insumos tenham encarecido também. Agora, o cenário é diferente. A valorização do Real, a alta oferta de grãos e a queda no preço de defensivos e fertilizantes são fatores que exigem melhor gestão de risco da safra 2023/2024.
Neste contexto, retomar a contratação de barter pode ser uma saída para produtores que compraram insumos mais caros e agora preveem rentabilidade menor. Esta é a aposta da varejista de insumos Lavoro – primeira do segmento a abrir capital na bolsa de Nasdaq –, em busca de uma correlação para garantir o poder de compra do cliente frente à baixa das commodities.
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Em entrevista exclusiva à EXAME, Marcos Oliveira, diretor de operações de commodities da empresa, diz que os agricultores precisam de mais previsibilidade sobre produção e renda. “É natural que nos últimos anos ele tenha ficado despreocupado com gestão de risco, mas agora deve retomar o barter para fixar preço”, afirma.
Para atender a este perfil de produtor, o barter acontece por meio da compra de uma put – opção de venda – na B3 com o intuito de indexar o valor da compra de insumos realizada pelo cliente com a produtividade referente à commodity. Quando o contrato é estabelecido, o produtor passa a acompanhar a cotação no mercado de commodities, tendo a flexibilidade para vender o grão a qualquer momento.
“Se a commodity apresenta uma variação negativa no período, vindo abaixo do nível da put ofertada, o cliente recebe um desconto no momento do pagamento. Nesse caso, os descontos dados aos clientes como benefício ficaram entre 25% e 40%”, afirma Oliveira.
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Como resume o executivo da Lavoro, fazer barter é como uma operação de hedge do mercado financeiro. Na prática, o barter é uma moeda de troca valiosa no campo, podendo ser contratado inclusive para comprar terrenos e automóveis. “O agricultor compra insumos a partir de uma safra futura, a relação de troca se faz com o preço travado e o lucro líquido ele vai ter com a variação do que não foi fixado”, diz Marcos Oliveira.
Um dos exemplos citados por ele é a compra de 80 mil reais em insumos pagos em uma relação de troca de mil sacas. Se o milho da B3 negociar abaixo de 80 reais, valor do seguro concedido, o produtor pode travar a operação com a Lavoro. “Ele compra 80 mil reais e vai pagar 65 mil reais para a Lavoro, o restante é pago pelo mercado financeiro”, afirma.
Também os gargalos em armazenagem e logística podem incentivar a aderência ao barter. O empresário rural que ficou muito produto disponível enfrenta a falta de espaço para armazenar o grão, situação que pressiona as vendas, independente da cotação. “Ele acompanhou a alta do mercado, segurou produto e agora pode voltar a querer operar travado”, diz Oliveira.