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(Angel Garcia/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 10h49.
Após uma alta de quase 50% nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços do azeite devem começar a cair a partir de 2025, projeta Leonardo Scandola, diretor comercial da Filippo Berio, marca italiana de azeites na América Latina.
“A expectativa é de uma redução mínima de 20% nos preços já no início de 2025, com possibilidade de novas quedas ao longo do ano. No entanto, a demanda global e o câmbio serão fatores importantes a serem considerados”, afirma Scandola à EXAME.
"Os últimos dois anos foram impactados por condições meteorológicas adversas, que reduziram notavelmente a produção em toda a bacia do Mediterrâneo, devido principalmente às altas temperaturas e ao déficit hídrico causado pela falta de chuvas nos meses de verão, quando as azeitonas começam a se formar nas plantas", diz Scandola.
A safra 2024/25 promete ser muito abundante, com um aumento de volume estimado entre 50% e 60%, o que elevaria a produção global para 3,1 milhões de toneladas, 23% a mais que na última campanha.
Mesmo com a previsão de uma safra maior em 2024/25, o clima tem deixado os produtores em alerta, especialmente em regiões tradicionalmente produtoras, como a Itália, que deve ver sua produção cair 32% devido à seca e ao estresse hídrico nas plantações.
"Este é um dos efeitos das mudanças climáticas [...] Para o futuro, será necessário investir em modelos que consigam reduzir o impacto dessas mudanças, privilegiando variedades de oliveiras mais resistentes à seca e investindo em tecnologia para prever e minimizar os déficits hídricos que caracterizaram as duas últimas safras", afirma o diretor comercial.
O aumento nos preços do azeite reduziu o consumo do produto no Brasil. Dados de setembro da NielsenIQ mostram uma queda de quase 20% no consumo no país em 2024. Além disso, houve um crescimento no número de fraudes envolvendo azeite.
No primeiro semestre de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) coletou 106 amostras de azeite de oliva no Brasil, das quais 30 foram desclassificadas por fraude. Segundo o ministério, as fraudes mais comuns incluem a adição de óleos vegetais, como o de soja, e o uso de corantes para simular a cor e a textura do azeite.
Somente no primeiro semestre de 2024, já foram apreendidos 97.660 litros de azeite fraudado, superando o volume total apreendido em 2023, que foi de 82.986 litros. Entre 2021 e o primeiro semestre deste ano, o Mapa apreendeu um total de 478.965 litros.