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Após 44 anos, Argentina sinaliza avanços para sementes patenteadas e geneticamente modificadas

País ainda segue lei que protege agricultores do pagamento de royalties às empresas de sementes, o que impede a utilização de tecnologias mais modernas

Fazendeiros trabalhando na colheita de trigo em uma fazenda próxima da cidade de Santo, na Argentina (Diego Giudice/Bloomberg)

Fazendeiros trabalhando na colheita de trigo em uma fazenda próxima da cidade de Santo, na Argentina (Diego Giudice/Bloomberg)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 13h17.

Última atualização em 5 de janeiro de 2024 às 13h27.

Como parte das reformas para a economia da Argentina, o governo do presidente Javier Milei caminha para uma adequação nas regras para tecnologia de sementes patenteadas, o que pode mudar a realidade da agropecuária no país vizinho.

Nesta quinta-feira, 4, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca do Ministério da Economia autorizou a comercialização de quatro leveduras geneticamente modificadas com o objetivo de melhorar a produção de biocombustível. No Brasil, por exemplo, o processo de obtenção de etanol está diretamente ligado à alta concentração de células de levedura adicionadas no início da fermentação da cana-de-açúcar.

“A iniciativa tem potencial para transformar significativamente o nosso futuro, colocando-nos em uma nova etapa focada na bioeconomia, onde a biotecnologia e os bioinsumos se combinam para promover a obtenção de bioenergia, uma fonte de energia que respeita o meio ambiente", afirmou o secretário de Agricultura, Fernando Vilella, em nota.

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Até hoje, está em vigor no país uma lei de 1970, que protege agricultores do pagamento de taxas anuais às empresas de sementes. Sem este pagamento, multinacionais como Bayer, Syngenta e Corteva ficaram sem fornecer novas tecnologias ao longo das últimas décadas para a Argentina.

Na prática, isso significa que os produtores rurais têm à disposição apenas sementes mais obsoletas, sem acompanhar a modernização dos países concorrentes.

Embora o não pagamento de royalties pareça ser favorável ao bolso dos agricultores, o problema da tecnologia das sementes contribuiu para a crise do setor agrícola. Analistas da Junta Comercial de Rosário indicam que, sem as cepas mais modernas, a produtividade da soja argentina é cerca de 17% inferior aos concorrentes Brasil e Estados Unidos.

Em ambos os países, os agricultores podem reter parte da produção colhida para destiná-la ao replantio, fazendo com que os grãos sejam as próprias sementes para uma safra futura. Por não comprar novas sementes, mas continuar utilizando uma tecnologia patenteada, é preciso pagar royalties às fabricantes.

O pacote de Milei inclui a adesão da Argentina à mais recente convenção global – de 1991 – que protege de forma mais abrangente os direitos de propriedade intelectual dos produtores de sementes.

De acordo com a Bloomberg, com base na informação de Rodolfo Rossi, ex-cientista de sementes que comanda a Asociación de la Cadena de la Soja Argentina (Acsoja), se o pacote for aprovado, a implementação das regras sobre sementes ficará a critério de parlamentares e autoridades locais.

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