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Empresômetro: Em 2022, R$ 104,62 bilhões dos fretes do país estão vinculados a empresas do agro
Repórter freela de Agro
Publicado em 22 de setembro de 2023 às 10h26.
Última atualização em 22 de setembro de 2023 às 10h28.
Quase R$ 1 em cada R$ 5 pagos em transporte de cargas no Brasil em 2022 estão diretamente relacionados a atividades do agronegócio brasileiro. A conclusão, que destaca o peso da logística em um setor que vem quebrando recordes consecutivos de produção agropecuária, é de um estudo divulgado nesta semana pelo Empresômetro, uma spin-off do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
O levantamento constatou que, de janeiro a dezembro de 2022, as transportadoras nacionais emitiram R$ 576,36 bilhões em notas fiscais eletrônicas contendo CTe (Conhecimento de Transporte Eletrônico), que caracteriza o transporte de cargas. Deste total, R$ 104,62 bilhões dos fretes estão vinculados a empresas cujo CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica) é diretamente relacionado ao agro (18,15%).
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Os produtores rurais que são pessoas físicas constam como remetentes ou destinatários em R$ 45,2 bilhões dessas operações (43,2% do total do agronegócio). Para chegar a esse dado, o Empresômetro cruzou os dados de notas fiscais eletrônicas com cadastros como do Incra e dos Estados. Já que o estudo considerou só transações com nota fiscal eletrônica, foram excluídos os gastos pessoais, que não tiveram relação com as operações rurais.
“Além disso, foi possível identificar o volume ou quantidade envolvida em cada operação, que tende a ser maior no caso do produtor rural, pois ele não costuma comprar só um ou dois litros de um defensivo agrícola, por exemplo. Também conseguimos verificar a frequência de fretes para certificar que não se tratava de uma operação pessoal ou casual”, explica Gilberto Luiz do Amaral, sócio e head de estudos do Empresômetro.
Ele ressalta que o mapeamento da área de transportes inclui operações rodoviárias, ferroviárias e aquaviárias, exceto as marítimas relacionadas à importação e exportação. "A maioria, cerca de 75%, envolve fretes rodoviários. Mas o estudo também mapeou outras modalidades como o aquaviário, em especial no Norte, onde o caminhão leva o produto até o porto e há um transporte ao local de embarque para exportação, por exemplo”, explica.
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O levantamento do Empresômetro ainda constatou que as grandes empresas de transporte brasileiras – aquelas com faturamento acima de R$ 100 milhões por ano – responderam por 50,64% do valor comercializado nos fretes do agronegócio, totalizando R$ 52,98 bilhões.
“Isso ocorre porque, em muitas ocasiões, quem paga o frete é a empresa ou cooperativa que vai destinar o produto. Diante dessa peculiaridade, é muito raro que o produtor pague pelo transporte de sua produção”, pontua Amaral.
Já as médias empresas, que faturam entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões, foram responsáveis por 35,23% do valor dos fretes do agro no ano passado (R$ 36,85 bilhões). O restante (14,13% ou R$ 14,78 bilhões) envolveu transações realizadas por micro e pequenas empresas – com faturamento inferior a R$ 10 milhões.
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O Empresômetro também agrupou, separadamente, outros três segmentos ligados ao transporte: diesel, álcool e biocombustíveis. Juntos, eles representaram R$ 636,65 bilhões em valor comercializado em 2022 – ou seja, com notas de operação de compra e venda –, o equivalente a 8,61% do total comercializado pelo agro no período (R$ 7,39 trilhões).
No caso do diesel, o total comercializado no ano passado foi de R$ 140,58 bilhões (1,90% do total do agro), dos quais R$ 21,43 bilhões foram via produtores rurais pessoa física (15,24%). O estudo considera o diesel envolvido em transações B2B, de uma empresa para outra, cujo CNAE está diretamente relacionado ao agronegócio.
Já no segmento álcool, em que aproximadamente 80% das operações envolvem o etanol combustível, foram comercializados R$ 316,04 bilhões em 2022 (4,27% do total do agro). Os produtores rurais pessoa física foram responsáveis por R$ 68,55 bilhões – 21,69% do total da categoria álcool.
O levantamento ainda unificou em um segmento os biocombustíveis (principalmente biodiesel) e a biomassa (resíduos de origem animal e vegetal usados para fonte de energia, como cavacos de madeira, palha de cana-de-açúcar, por exemplo), que somaram um total comercializado no ano passado de R$ 180,03 bilhões (2,43% do agro). Os produtores rurais pessoas físicas responderam por R$ 36,2 bilhões desse total (20,11%).
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Considerando apenas o biodiesel, o valor comercializado em 2022 foi de R$ 42,82 bilhões – 23,79% do segmento de biocombustíveis e biomassa agrupado pelo Empresômetro. Nessa subcategoria, o produtor rural pessoa física está diretamente envolvido em transações que chegam a R$ 4,95 bilhões (11,57% do total comercializado no segmento biodiesel).
Amaral, sócio e head de estudos do Empresômetro, destaca que aprofundar o nível de detalhamento sobre os tipos de operação do transporte de cargas, seja para o fluxo de exportações ou para atender o mercado interno, é muito importante para o agro brasileiro.
“O Brasil tem grandes distâncias e precariedade na infraestrutura de logística. Logo, a conta do frete é fundamental. E aprofundar-se na compreensão do custo dos transportes é muito relevante para o próprio futuro do agronegócio, até porque esta despesa é muito maior aqui do que em outros países, com impacto na produção”, frisa.
Ele também acredita que o mapeamento da situação específica de outros segmentos relevantes para o agronegócio, como combustíveis e insumos utilizados na produção agropecuária, abre possibilidade para a adoção de medidas que vão desde a criação de políticas públicas até novas estratégias de operação.
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“Muitas vezes, os próprios atores do agro não têm a dimensão dessas informações, pois o setor de transporte é mais pulverizado. Essa quantidade de dados mais granulares traz oportunidades para que o setor identifique potenciais para crescer ainda mais, além de suprir lacunas e apoiar a formulação de políticas públicas pelos governos”, conclui.