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Agricultores ilustram desigualdade entre campo e cidade na China

Enquanto líderes chineses projetam crescimento de 5%, trabalhadores rurais enfrentam dificuldades diárias para sobreviver nas grandes cidades

Sem oportunidades no campo, agricultores enfrentam longas viagens para vender produtos nas cidades. (AFP)

Sem oportunidades no campo, agricultores enfrentam longas viagens para vender produtos nas cidades. (AFP)

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Publicado em 5 de março de 2025 às 18h12.

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Carregando cestas cheias de vegetais nas costas, agricultores idosos se aglomeram desde as primeiras horas da manhã em uma estação de metrô nos arredores de Chongqing, uma das maiores cidades da China. A cena contrasta com os arranha-céus futuristas do centro urbano e expõe a dura realidade de parte da população rural, que precisa recorrer a esse deslocamento para vender cebolas, alfaces e ovos por um baixo lucro.

A economia está no centro das discussões em uma importante reunião política em Pequim, onde, nesta quarta-feira, 5, os líderes chineses anunciaram uma meta de crescimento de 5% para 2025. No entanto, a desigualdade entre zonas urbanas e rurais segue evidente, especialmente entre os idosos, que encontram dificuldades para garantir o próprio sustento na segunda maior economia do mundo.

Wu Baixing, agricultora de 71 anos, caminha por uma hora até a estação de metrô mais próxima para vender vegetais no centro de Chongqing. “Acho que Deus vê tudo o que fazemos”, diz a devota cristã, resignada à exaustiva rotina de carregar dezenas de quilos de produtos no transporte público. Sua pensão mensal é inferior a 200 yuanes (cerca de R$ 160 na cotação atual), um valor típico para moradores rurais, mas bem abaixo do que os aposentados urbanos recebem.

Jornada longa e pouco retorno

A agricultora explica que a venda de verduras não é lucrativa, pois "há muitos agricultores fazendo o mesmo". Ainda assim, diariamente, dezenas de camponeses enfrentam a chuva e o frio para esperar pelo primeiro trem na estação de Shichuan, no nordeste de Chongqing, às 6h30 da manhã. A viagem até os mercados do centro pode levar até duas horas, envolvendo múltiplas conexões entre linhas de metrô.

Xiong, um agricultor de 69 anos, precisa pegar três trens diferentes para chegar ao mercado de Minsheng, onde tenta vender seus produtos. Liu Guiwen, de 72 anos, relata que sua renda diária gira em torno de 30 yuanes (cerca de R$ 24). Apesar das dificuldades, ele continua a jornada, pois não vê outra alternativa de sustento.

Os líderes chineses prometeram, no relatório de trabalho divulgado na reunião política desta quarta-feira, “medidas firmes para promover a reforma e o desenvolvimento rural” e assistência aos moradores de baixa renda. No entanto, a urbanização avança rapidamente, e a população rural ainda representa 33% do total do país, segundo dados do governo.

Liu Lu’an, de 63 anos, se diz aliviado por seus filhos não terem seguido a vida agrícola e terem conseguido empregos em fábricas. "Agora tenho mais de 60 anos e ninguém quer nos contratar como mão de obra", lamenta.

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