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A história do empresário que ajudou a criar um setor de 43 bilhões de litros no Brasil

Empreendedor contribuiu para criar o Proalcool, embrião da Lei do Combustível do Futuro

 (Divulgação)

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César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 29 de dezembro de 2024 às 06h31.

Maurílio Biagi, uma figura central do agronegócio brasileiro, desempenhou um papel crucial na modernização do setor sucroalcooleiro e na consolidação do Brasil como referência global em biocombustíveis.

Nascido em Pontal (SP), em 1914, Biagi iniciou sua carreira em 1933, na Usina da Pedra, onde deu os primeiros passos em uma trajetória marcada pela inovação e empreendedorismo, como afirma a história do empreendendor no Grupo Maubisa, pertencente à família Biagi.

Um dos fundadores do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), programa voltado para o setor de biocombustível de cana, Biagi assumiu a gestão da empresa da família, a Usina Santa Elisa, em meados de 1933 e promoveu avanços tecnológicos que impulsionaram a independência e a modernização da indústria sucroalcooleira.

Ele liderou a adaptação e o desenvolvimento de equipamentos destinados ao plantio, colheita, transporte e processamento da cana-de-açúcar, contribuindo para transformar o setor em um dos mais eficientes do mundo, segundo a Embrapa.

A partir da cultura da cana-de-açúcar, a família Biagi expandiu seus investimentos para outros segmentos econômicos na região de Ribeirão Preto.

Biagi foi fundamental nesse processo de diversificação, incentivando a criação e presidindo um conjunto de empresas que se tornaram grandes grupos econômicos, como a Usina Santa Elisa, a Zanini Equipamentos Pesados, no setor de bens de capital, e a Refrescos Ipiranga, fabricante e distribuidora da Coca-Cola.

Biocombustíveis no Brasil

Segundo a Embrapa, em 1973, Biagi, ao lado de outros pioneiros, entregou ao governo militar o documento "Fotossíntese como Fonte Energética", que defendia o uso da cana-de-açúcar como solução para a crise do petróleo.

O documento serviu como base para o Proálcool, lançado em 1975, consolidando o etanol como uma alternativa ao petróleo e posicionando o Brasil como líder na produção de bioenergia.

Atualmente, a produção de biocombustíveis no Brasil vai além da cana-de-açúcar, abrangendo também etanol de milho e biodiesel à base de soja.

Em 2023, o país atingiu um marco histórico, produzindo 43 bilhões de litros de etanol e biodiesel, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).

O Proálcool é considerado o precursor de políticas como a Lei do Combustível do Futuro, aprovada em 2024. A legislação fixa o percentual de etanol na gasolina em 27%, com ajustes possíveis entre 22% e 35%, conforme as condições de mercado.

No caso do biodiesel, a mistura atual de 14% será ampliada gradualmente até 20% em 2030. A lei também incentiva o uso de diesel verde e combustíveis sustentáveis de aviação (SAF).

Com a expectativa de aumento na produção, o setor deve saltar de 36 bilhões de litros de etanol para 59 bilhões até 2037, reforçando a posição do Brasil como referência em energia renovável.

Além de suas contribuições diretas, Maurílio Biagi participou da fundação do Grupo Maubisa, que segue como uma das principais referências no setor sucroalcooleiro, sob a liderança de seu filho, Maurílio Biagi Filho.

Maurílio Biagi faleceu em 1978, deixando um legado que continua a influenciar o agronegócio e o setor de biocombustíveis no Brasil.

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