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A aposta de R$ 1 bilhão da GDM no milho para crescer no Brasil — e na Argentina — nos próximos anos

Empresa lançou Supra Sementes, voltada para sementes de milho, que substitui a marca KWS, adquirida pelo grupo no ano passado

 (Divulgação)

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César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 16h03.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2025 às 22h17.

O Grupo Don Mario (GDM), empresa argentina especializada em genética de sementes, vai investir R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos na América do Sul. Como parte dessa estratégia, a companhia lançou nesta segunda-feira, 10, a Supra Sementes, voltada para sementes de milho, que substitui a marca KWS, adquirida pelo grupo no ano passado.

“Antes, a GDM não possuía estrutura própria para a produção de sementes de milho, mas, com a aquisição, passa a contar com uma planta de processamento em Patos de Minas (MG), com capacidade para produzir até 2 milhões de sacas por ano”, afirma à EXAME Marcelo Salles, líder de negócios de milho da empresa.

Em agosto de 2024, a GDM concluiu a compra do negócio de sementes de milho, soja e sorgo da KWS no Brasil e na Argentina. Antes da aquisição, 80% da receita da empresa vinha da comercialização de sementes de soja, enquanto o restante era proveniente de outros grãos.

Com a incorporação das operações de milho da KWS nos dois países, a participação da soja na receita foi reduzida para 65% e o trigo, 5%, e o restante ficou distribuído entre outras culturas.

“A aquisição, na prática, representou uma antecipação de 10 anos do plano estratégico da empresa de atuar fortemente no mercado de sementes de milho, tanto no Brasil quanto na Argentina”, diz o executivo, sem revelar os números oficiais do faturamento.

A expansão da GDM no milho brasileiro ocorre em um momento favorável para o setor de grãos. O Brasil deve colher 322,4 milhões de toneladas na safra 2024/25, com a produção de milho estimada em 119,6 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Felizmente, o Brasil é um dos únicos países do mundo que permite duas safras completas por ano, graças às condições climáticas favoráveis. Com a expansão contínua da área plantada com soja, cresce também o potencial para o milho safrinha, cultivado logo após a colheita da soja, aproveitando o ciclo produtivo”, afirma Salles.

Segundo o executivo, o Brasil representa entre 70% e 75% dos negócios de sementes de milho e soja da GDM na América do Sul, enquanto a Argentina responde por 20% a 25%. Além desses países, o grupo também atende Paraguai e Uruguai.

Por enquanto, a operação adquirida da KWS segue funcionando com CNPJ separado da GDM, mas a empresa pretende concluir a incorporação total no primeiro semestre deste ano.

Centro de pesquisa

Segundo Salles, a GDM também planeja expandir o centro de pesquisa em Petrolina (PE), uma área de 200 hectares, ainda neste ano, ampliando novos investimentos em tecnologia e infraestrutura.

Sem citar valores, o executivo afirma que a localização de Petrolina é um diferencial para acelerar o lançamento de novos produtos, permitindo pesquisas voltadas para soja, milho e sorgo.

“Petrolina se destaca tanto pela latitude quanto pelo clima favorável, que possibilitam até 3 a 3,5 ciclos por ano para culturas como o milho. Esse fator permite multiplicação e remultiplicação aceleradas, garantindo maior agilidade no desenvolvimento de novas variedades de sementes”, afirma Salles.

Embora a região tenha um clima seco, a infraestrutura de irrigação viabiliza a realização desses ciclos ao longo do ano, tornando a estação de pesquisa um ponto estratégico para a GDM acelerar a inovação no setor de sementes, diz o executivo.

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