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Em meio à polêmica com Carrefour, CEO da Tereos recua em crítica ao agronegócio brasileiro

“Nunca questionamos a capacidade do Brasil de fornecer produtos de qualidade ou seu compromisso com uma forte legislação local”, disse Leducq

 (Tereos/Divulgação)

(Tereos/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 16h32.

Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 16h58.

O CEO do grupo francês Tereos, Olivier Leducq, afirmou nesta terça-feira, 26, que sua crítica ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul “gerou um mal-entendido” e “desviou a atenção do tema”.  Segundo ele, não houve intenção de ofender os agricultores brasileiros.

Em seu perfil no LinkedIn, o diretor-executivo declarou que o grupo não coloca a Europa e o Brasil em oposição. “Nunca questionamos a capacidade do Brasil de fornecer produtos de qualidade ou seu compromisso com uma forte legislação local”, disse Leducq.

Na publicação, o CEO defendeu a atuação da empresa no Brasil e afirmou que “a qualidade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro são indiscutíveis”.

Por outro lado, Leducq afirmou que o acordo entre os blocos deve respeitar os interesses dos produtores franceses. “Antes de qualquer decisão final ser tomada, é crucial discutir mais aprofundadamente as questões relacionadas com a soberania agrícola europeia”, afirmou.

Segundo Leducq, as regulamentações impostas aos agricultores franceses são muito restritivas, o que “prejudica sua competitividade em relação a atores internacionais que enfrentam regras diferentes”.

Agricultores franceses protestam

Nesta terça-feira, o governo francês pediu à Assembleia Nacional que vete a aprovação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

"Com o acordo, assinaríamos um contrato de realocação de parte de nossa agricultura. Esta votação é muito importante. A França expressa sérios receios em relaçao à segurança alimentar. Os franceses e os europeus vão nos culpar amanhã", disse Annie Genevard, ministra da Agricultura e Soberania Alimentar da França.

Genevard disse ainda que o acordo cria uma concorrência desleal, que os produtos do Mercosul não atendem aos padrões sanitários europeus e que são ligados a falhas ambientais.

Além disso, ao longo do dia, agricultores franceses protestaram contra o acordo, alegando que ele coloca os produtores locais em desvantagem.

Um comboio de cerca de 30 tratores tentou chegar ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, mas foi bloqueado pela polícia a poucos quilômetros da instituição. O objetivo era dialogar com os eurodeputados e reforçar a oposição da França ao acordo.

De acordo com o jornal Le Monde, cerca de 660 agricultores realizaram aproximadamente 20 ações em 15 regiões da França, segundo o último balanço das autoridades.

A mobilização ocorre após uma primeira semana dedicada à denúncia de uma "Europa passiva", que permite a importação de produtos que não cumprem as normas impostas aos agricultores europeus, segundo as entidades locais.

Os protestos também antecedem uma terceira etapa das mobilizações, que será voltada para a "defesa da renda", explicou Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA), o maior sindicato agrícola da França.

Na segunda-feira, 25, agricultores franceses realizaram protestos em diversas regiões do país contra o tratado. Em Ardennes, região produtora de carne de cavalo, leite e cereais, os manifestantes ergueram um muro simbólico diante da prefeitura, representando o distanciamento entre os agricultores e o governo.

Os protestos dos agricultores franceses têm se intensificado desde a semana passada. Apesar da pressão, o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, afirmou, na semana passada, que o acordo deve ser assinado no dia 6 de dezembro.

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