Estudantes manifestaram oposição a uma reforma educacional, já em vigor, que permite às universidades até triplicar o preço de taxas de matrícula (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2011 às 19h20.
Londres - Milhares de estudantes britânicos foram às ruas de Londres nesta quarta-feira para protestar contra a alta das taxas universitárias, em manifestações pacíficas, mas rodeadas por forte presença policial.
O motivo do protesto desta quarta-feira era o mesmo que o das violentas manifestações de um ano atrás, quando as imagens dos enfrentamentos entre a polícia e os manifestantes londrinos rodaram o mundo.
Tanto naquela época como agora, os estudantes manifestaram oposição a uma reforma educacional, já em vigor, que permite às universidades até triplicar o preço de taxas de matrícula.
Os protestos estudantis começaram no ano passado, quando se anunciou que, a partir de 2012, as universidades poderiam elevar o preço das taxas de matrícula das atuais 3.290 libras (R$ 9,3 mil) para 9 mil libras (R$ 25,4 mil) por ano.
Diante do temor de incidentes e após as duras críticas que a polícia recebeu no ano passado por ser incapaz de controlar os distúrbios durante os protestos de estudantes, dessa vez a Scotland Yard não poupou esforços.
Foram 4 mil agentes mobilizados, a pé, a cavalo e até com helicópteros, que vigiaram e controlaram minuto a minuto os estudantes durante a passeata em pleno centro de Londres.
Além disso, a polícia anunciou que, se necessário, utilizaria balas de borracha contra os manifestantes, uma tática bastante insólita por parte das forças de segurança britânicas.
O grupo organizador do protesto - formado por opositores contrários aos cortes no setor de educação e na alta das matrículas universitárias - calculou que o número de participantes do movimento chegou a 15 mil, mas as estimativas da polícia são de 2 mil pessoas.
Após percorrer o centro da capital britânica, o que significou a interdição de muitas ruas e o congestionamento de parte do trânsito, os manifestantes se dirigiram à City (distrito financeiro da capital britânica), onde dezenas de pessoas estão há semanas acampadas em protesto contra o sistema capitalista.
Esse era o maior temor da polícia. Por isso, milhares de agentes fizeram um cordão de segurança para impedir que a passeata se aproximasse do acampamento anticapitalista, diante da Catedral de St. Paul's.
Em meio ao ambiente movimentado, com o barulho dos helicópteros da polícia e as televisões ao fundo, os manifestantes mostravam cartazes com lemas como "Não aos cortes da educação" e "Universidade gratuita".
"Somos contra a alta, pois os estudantes terão de pagar uma quantia exorbitante por ano e muitos vão ficar de fora do sistema educacional", justificou à Agência Efe o manifestante Blat, um estudante universitário britânico.
Outra manifestante, Laura Fisher, lamentou que muitas famílias tenham de passar por dificuldades econômicas para manter os filhos nas universidades.
Apesar dos temores da polícia, não houve informações sobre incidentes graves durante o protesto e o número de prisões feitas foi de 23.
No meio da tarde (local), um grupo de estudantes instalou um pequeno acampamento de 20 tendas verdes no meio da praça Trafalgar Square, mas a polícia conseguiu dispersá-los rapidamente.
Em novembro de 2010, cerca de 50 mil estudantes foram às ruas de Londres para protestar contra a política educacional do governo britânico, algo sem precedentes nas últimas décadas.
Desde então, as mobilizações estudantis têm sido uma dor de cabeça para o governo do primeiro-ministro David Cameron, acusado de incapacidade de manter a ordem nas ruas, e principalmente para os liberal-democratas - parceiros no governo de coalizão -, que durante a campanha eleitoral prometeram eliminar as taxas de matrículas universitária, mas, uma vez no poder, votaram a favor de triplicá-las.
Esta decisão pode ser decisiva nas urnas de uma maneira dramática para o partido liberal-democrata, pois os estudantes foram historicamente seus eleitores mais fiéis.