Papa Francisco em celebração religiosa (AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2013 às 00h33.
Buenos Aires - Amigos e pessoas próximas a Jorge Mario Bergoglio não pouparam elogios nesta quarta-feira para Francisco I, a quem apontam como um homem austero, humilde e dialogante, que introduzirá mudanças profundas no Vaticano.
O até hoje chefe da Igreja Católica argentina vivia em um pequeno apartamento próximo à catedral, usava o transporte público, visitava favelas, paróquias e hospitais e encorajava os sacerdotes a saírem às ruas e estar perto de seus fiéis.
Bergoglio 'é o papa que o mundo precisa, é um homem piedoso, é um pastor, vai pôr as sandálias de pescador', afirmou à Agência Efe o ex-deputado José Octavio Bordón, amigo há 30 anos do agora papa Francisco I, o primeiro pontífice latino-americano e jesuíta.
Bordón ressaltou o compromisso de Bergoglio com a defesa dos direitos dos humildes e sua habilidade para a negociação porque 'é um homem que não gosta de conflito, mas também não gosta de calar-se'.
Sua sólida formação acadêmica, continuou Bordón, 'lhe permite dialogar com empresários, políticos e sindicalistas'.
Para o ex-deputado, a escolha do nome de Francisco I não é gratuita, mas tem a ver com sua personalidade de homem 'piedoso, humilde' e disposto a 'provocar mudanças muito fortes de dentro para fora'.
Com seus amigos, 'nunca falou da possibilidade de ser papa', lembrou Bordón, que admite que mais de uma vez seus conhecidos abordaram o tema 'e ele apenas sorria, nós éramos os imprudentes, ele nunca'.
Luis Pedro Tony, próximo ao papa há décadas, recuperou hoje detalhes da vida diária de Bergoglio em Buenos Aires que confirmam sua personalidade austera.
'É um homem afastado de intrigas palacianas, muito calado e muito estudioso. Já no nome que adotou escolheu o caminho dos despossuídos', explicou Tony à imprensa local.
Também para o sacerdote Alejandro Puiggariu, que trabalhou durante 20 anos com Bergoglio, o pontificado de Francisco I marcará uma mudança no Vaticano.
'Vai ser um papa atípico. Já foi assim à frente da Igreja argentina. Uma das primeiras coisas que fez foi, antes de abençoar, pedir a todo o povo de Deus que rezassem por ele. É algo inédito, é um gesto de humildade', comentou.
'Quando nos ordenava sacerdotes nos dizia para não deixarmos de ser parte do povo de Deus. Sempre predicou contra as corridas, contra a promoção', acrescentou.
A última carta que escreveu como máxima autoridade da Igreja argentina foi para convidar os sacerdotes a sair às ruas no próximo dia 23 de março e anunciar a Semana Santa.
Por sua vez, Guillermo Marcou, que foi seu porta-voz durante uma década, lembrou hoje ao jornal 'La Nación' que no dia 21 de fevereiro de 2001, quando se dirigia ao Vaticano para que João Paulo II lhe consagrasse cardeal, Bergoglio quis ir caminhando.
Naquele dia, Bergoglio rememorou as palavras de seu pai. 'Quando subir, cumprimente a todos. São os mesmos que encontrarás quando descer'.